quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

As Chuvas em São Paulo Têm Muito a Ensinar


São Paulo Embaixo D'Água - Foto de: Fernando Donasci

As mudanças no clima vêm impondo um regime de chuvas cada vez mais intenso. As precipitações ocorrem com maior intensidade e em menor espaço de tempo. O fenômeno se dá no campo e na cidade, nos países ricos e nos pobres. Inundações, quedas de barreiras e soterramentos ocorrem por toda parte durante toda a temporada de chuvas.

Prova de que o fenômeno é comum é o fato de que o Prefeito de Nova Iorque, nos Estados Unidos, foi eleito com a promessa de impor a coleta das águas de chuvas aos proprietários de prédio. O propósito era reduzir o consumo de água e as inundações.

Na última semana noticiou-se o soterramento de várias casas construídas em um terreno da Prefeitura de São Paulo. Adultos e crianças perderam a vida. A área de propriedade da Prefeitura seria imprópria para ocupação. Após o desastre a Defesa Civil interditou as casas próximas em situações iguais às daquelas acidentadas.

Esse é uma prática comum a todas as cidades. A Defesa Civil só aparece após o desastre. A Prefeitura permite, ao não fiscalizar, que se construa em terrenos sabidamente impróprios. Não há políticas permanentes de oferta de habitação para as populações de baixa renda. Resta a eles ocuparem os terrenos que ninguém quer: as encostas, as beiras de riachos, as margens de rodovias etc.

Os alagamentos se repetem e as propostas são paliativas. A maioria das iniciativas são de alargamento dos rios e riacho, além de obras de dragagem. Mais recentemente o vilão é o lixo que entope os bueiros e impede o escoamento das águas. É impactante ver a indústria perder o estoque, o CEAGESP, com um metro de água e as frutas e verduras boiando nas águas, famílias perdendo tudo que conseguiram adquirir com uma vida de trabalho. Tudo isso resulta em prejuízos materiais e riscos à saúde, até mesmo em perda da vida.

A questão dos alagamentos poderia ser resolvida, ou minimizada, com uma medida hoje aceita por consenso. A Prefeitura Municipal, via projeto de Lei, poderia impor a todos os prédios da cidade a coleta e o armazenamento das águas das chuvas. Essas águas serviriam para utilização em bacias sanitárias e para limpeza sem impor risco às pessoas. Ao armazenar e utilizá-la para uso nos prédios haveria redução na necessidade de importação de água de rios distantes o que resultaria em economia de energia.

Por outro lado, o armazenamento das águas das chuvas reduziria o volume de águas que seria lançado nos rios, córregos e outros canais de drenagem acabando de vez com as enchentes que tantos transtornos causam a todos. É lícito supor que um terço das águas das chuvas seria armazenado durante sua precipitação. Trata-se de medida permanente e de interesse de toda a cidade.

Paralelo a isso cumpre empreender políticas de oferta de moradias aos menos favorecidos, em locais seguros evitando as tragédias que ocorrem todos os anos.