Album da Copa 2010
Camille, minha neta, tinha nove anos em 2006, quando se apaixonou pela Copa. Comprou um álbum e colecionou as figurinhas de times de países desconhecidos e compostos por jogadores desconhecidos e de nomes impronunciáveis. Mas as figurinhas, por um capricho da sorte ou das editoras vêm sempre repetidas. Algumas são impossíveis de serem encontradas nos pacotinhos.
A banca de jornais e revistas da SQN 106 tornou-se ponto de encontro e um grande mercado naquela ocasião. Colecionadores de todas as idades se reuniam ali para mostrar as figurinhas que tinham e buscar as que lhe faltavam. Alguns, grandes compradores, tinham caixas e caixas de figurinhas que ficavam agrupadas pelo time, pelo número, pela raridade etc. Alguns as trocavam ao par, outros exigiam três por duas ou duas por uma. Alguns só vendiam as mais raras.
Para os pais e avós, como eu, aquela era uma oportunidade de filhos e netos aprenderem a negociar. Era necessário acompanhá-los sem interferir de pronto nas negociações. A copa passou, Camille cresceu, está uma moça, e tudo indica que aquela empolgação não se repetiu. Mas marcou um momento único da sua infância.
Os encontros de colecionadores na banca da SQN 106 voltam a ocorrer com a mesma intensidade nesta Copa do Mundo. Especialmente nos sábados e domingos. Lá estão eles, os colecionadores de figurinhas, sob o beneplácito do proprietário da banca. Meninos, meninas, pais, mães, avôs e avós e marmanjos estão lá com novos álbuns e novas figurinhas, mas com a mesma paixão.
As bancas são equipamentos urbanos que prestam serviços. Vendem, além das revistas e jornais, livros, discos, picolés balas, chicletes, água mineral em garrafões, gás de cozinha etc. Alguém na administração da cidade entendeu que as bancas deveriam ser de lata, sem banheiro, e por isso quentes, insalubres. Seria bom que as bancas assumissem forma definitiva e contassem com o conforto merecido.