quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Seca e o Consumo de Energia


Desde 28 de maio não chove em Brasília. Isso não é tão novo. O regime de chuvas no planalto central prevê precipitações de outubro a maio. Tampouco é novo o baixo índice de umidade, mas no dia 12 de agosto o índice no aeroporto foi de 7% o que implica em alerta máximo segundo a OMS. No ano passado tivemos chuva durante todos os meses do ano. Serão caprichos da natureza ou decorrência do aquecimento global. A verdade é que o clima está um tanto maluco.


Tempos atrás comentei sobre a questão da utilização da água de chuvas para uso domestico, assunto que diante da falta de água me levou a pensar na sua importância vez que a água que consumimos é bombeada de longa distancia por bombas movidas a energia elétrica. O custo da energia na produção da água potável é significativo, superior a trinta e cinco por cento da tarifa final.

Mais importante que o custo é o total da demanda de energia para bombear toda a água utilizada pela população urbana. As pequenas cidades têm a captação próxima de seus limites. Por outro lado, as cidades a partir dos 100 mil habitantes são obrigadas a buscar água cada vez mais longe.

Estudo do IBGE publicado no final do 1º semestre de 2009 estimava a população brasileira em 191.480.630 habitantes. Destes, 104.165.850 estariam em cidades com mais de 100 mil habitantes.

Estudos feitos por Magoline Giacchini e Alceu Gomes de Andrade “Utilização da água de chuva nas instalações industriais” mostraram que a captação das águas de chuvas para consumo industrial e em outras atividades não residenciais que não aquelas de consumo humanos permitiriam economizar 50% da demanda para aquelas atividades.

Marcelo Zolet no estudo “Potencial aproveitamento da água de chuva para uso domestico na Região urbana de Curitiba” também chega ao índice de 50% na utilização da água de chuva para uso residencial. Também este estudo não considera o uso da água de chuva para o consumo humano.

Estamos falando da economia de transporte e tratamento de 75 litros por dia para 104.165.850 habitantes o que corresponde a 7.812.438.750 litros de água bombeados diariamente e que poderiam deixar de sê-lo. O bombeamento por motores elétricos exige uma potencia instalada de 977.284,0047 kWh, o equivalente a Usina Nuclear de Angra I no Rio. Os cálculos de demanda tomaram por base os estudos “Uso racional de energia no bombeamento de água em sistemas de abastecimento, via programação-linear” elaborados por Adalberto Aragão de Albuquerque, Mosefran Barbosa Macedo Firmino e Wilson Fadlo Curi.



A água é cada vez mais escassa e as regiões metropolitanas a busca cada vez mais longe. O seu bombeamento interfere nos cursos d’água e nas atividades a jusante do local de captação. Por outro lado o lançamento desta água trazida de outras bacias aumenta o volume dos cursos d’água que recebem os esgotos das cidades o que leva a possibilidade de enchentes recorrentes. A coleta das águas de chuva para uso residencial e par outros fins urbanos, por outro lado reduz a afluência de enxurradas de águas superficiais durante as chuvas reduzindo as enchentes. Cabe uma política nacional de aproveitamento das águas de chuvas para reduzir os impactos no meio ambiente, reduzir o consumo de energia e aas enchentes que ocorrem nas cidades.