quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Brasília pratica mutilação desenfreada das árvores em nome da poda


Foto: Anderson Porto

A poda empreendida pelo Departamento de Parques e Jardins nas Superquadras, nos últimos tempos não tem se pautado pelos cuidados esperados. As árvores são mutiladas de forma indiscriminada. Nota-se apenas a preocupação de não deixar qualquer galho em altura menor que três metros, mesmo nos locais onde não há conflito com veículos ou pessoas.

As frutas, nos casos das mangueiras e outras, ficam todas fora do alcance das pessoas. Isso as levará a atirar coisas nas árvores no tempo da colheita como forma de alcançar as frutas, o que danificará as árvores.

As árvores são podadas por pessoas que na maioria das vezes ficam no chão e se utilizam de ferramentas de corte apostas a varas longas. Os galhos escolhidos são cortados sem o cuidado de verificar a existência ali de ninhos de pássaros ou de outros pequenos animais que nelas habitem.

Os galhos são cortados em profusão, em pequenos pedaços, como que preparados para utilização como lenha. Pelo volume que cortam chega a parecer uma colheita de material combustível para algum uso desconhecido.

Muitos são os motivos para almejar a poda de árvores. Entretanto, a poda das árvores é recomenda em casos específicos tais como a poda de formação, a de limpeza e a de segurança.

A poda de formação deveria se dar com a árvore ainda jovem. Deveria, portanto, acompanhar e manter a arquitetura natural da espécie. A poda de limpeza deveria se restringir aos galhos secos, àqueles manifestamente doentes e àqueles infestados por pragas, fungos e parasitas. A poda de segurança deveria ocorrer nos casos de interferência com o meio, caso de passagem de pedestre ou de veículos. Quando há risco de acidente ou por não ter havido manutenção ou por caso não esperado.

Porque mutilam tanto as árvores? O corte das árvores reduz a área coberta assim como sua capacidade de absorver os raios solares e amenizar o clima. Elas também servem de abrigo às aves e animais, alimentam, embelezam, sombreiam, cobrem janelas, telhados, portas, deitam no chão suas folhas, flores e até frutos. Assim são, por exemplo, os Cambuís e as Amendoeiras, caducifólias, que cobrem o chão com suas folhas no inverno; Também ocorre com as Espatódias que florescem quase o ano todo e cobrem o chão com suas flores, especialmente no período úmido. O Jamelão deixa a área de cobertura de sua copa toda roxa durante o período de amadurecimento de seus frutos.

A árvore é uma representação da vida. Dela muitos tiram o sustento. É importante um novo olhar, um olhar de respeito e valorização das árvores. Elas são um patrimônio importante da cidade e deve ser tratado com parcimônia.