terça-feira, 5 de outubro de 2010
Rodoviária: Cachaça, Crack e Loteiro
A Rodoviária do Plano Piloto é um formigueiro às seis horas da tarde. Milhares de pessoas descendo e subindo pelas escadas. As escadas rolantes que descem nem sempre estão funcionando. As que sobem sim. Junto às saídas das escadas rolantes pouco espaço sobra para passar. Ali estão, nesta época de eleições, os cabos eleitorais, inúmeros, com os panfletos e a mensagem relativa aos candidatos. Não só ali, em todos os pontos de maior circulação eles se postam e oferecem os panfletos.
O pastor, sem espaço no final da escada rolante, fica na escada de concreto localizada no meio das escadas rolantes e oferece a cada um que passa uma mensagem escrita dizendo: “só Ele te ama de verdade”. Alguns aceitam, outros viram o rosto ou fazem cara de paisagem.
Mas o que me levou à Rodoviária foi a denúncia de um freqüentador que tem se sentido incomodado com o comércio de cachaça e de crack junto às portas dos banheiros masculinos.
A Rodoviária também é ponto de “loteiros”, isto é, de carros de lotação. Eles são organizados, têm agenciadores que ficam nos “pontos” e anunciam os itinerários para os prováveis clientes. Os clientes, apesar dos riscos de utilizarem um serviços de transporte sem fiscalização, preferem usar os carros de lotação, pois eles eles são mais freqüente e ainda oferecem o conforto do passageiro ir sentado, o que não acontece nos ônibus, principalmente no final do dia.
Pois bem, voltando ao caso dos vendedores de cachaça e de outras bebidas, eles se apresentam como vendedores de água. A água fica em caixas de isopor, entremeadas por gelo. Acima das garrafas plásticas de água pode-se ver outras garrafas maiores, contendo líquidos de cores diferentes, com tampas removíveis. São inúmeros, vendem, segundo disse o informante, para os usuários do transporte, para os mendigos que ali ficam perambulando, para os motoristas de ônibus e dos lotações.
Preocupa-o também, o comércio de drogas que se dá no banheiro masculino. Imagine que dias atrás os vendedores se desentenderam e se engalfinharam no interior do banheiro, relatou, porque o concorrente ofereceu mercadoria a menor preço ao cliente que já estava negociando com o primeiro fornecedor.
O número de usuários de drogas, especialmente de crak, que freqüentam o local aumentou significativamente nos últimos meses, comentou o reclamante. Cogita-se que talvez sejam em parte antigos freqüentadores da Rodoferroviaria. A mesma queixa foi feita pelos comerciantes do Setor de Diversões Sul. Eles dizem que a passagem da policia os espanta, mas logo depois eles voltam.
Os usuários de crak não se recuperam pela coerção. São caso de saúde pública, caso de assistência e apoio social. Eles estão em uma situação em que não há nada a perder, portanto não há como ameaçá-los. Sua recuperação é uma questão de respeito por aqueles seres humanos que se deixaram levar pelo desespero ou pelo prazer fácil da droga. Tal recuperação seria um tributo à população em geral que se vê ameaçada pelos furtos e insegurança promovida pela presença dos drogados e traficantes.
A cachaça não é o mesmo caso. Há uma fiscalização sediada na Administração da Rodoviária. A presença dos ambulantes também não se justifica e ainda facilita o ilícito.
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