terça-feira, 24 de agosto de 2010

Estradas e transporte coletivo



É difícil imaginar qualquer data para o termino da Linha Verde. Linha verde é a estrada de ligação de Taguatinga ao Plano Piloto e vice versa. Artigo postado dia 29/04/2009, no portal do Governo do Distrito Federal, DFTRANS, definiu para o dia 21 de abril de 2010 a data de inauguração da Linha Verde. Mais uma comemoração para o aniversario de Brasília. Passados quatro meses da data estipulada é difícil fazer um prognóstico do término dos serviços. Como em todas as obras feitas pelo Governo do Distrito Federal -GDF nos últimos anos, o canteiro é fragmentado. Há trechos iniciados por todos os lados e nada terminado em lugar nenhum.


As obras da Linha Verde, segundo aquele artigo, foram orçadas em R$ 244 milhões. A nova EPTG terá, ao término das obras, quatro novos viadutos, ciclovias, 17 passagens para pedestres, pista exclusiva para ônibus. Todo este empenho tem por objetivo facilitar a circulação dos 140 mil veículos (informação do site) que por ali trafegam diariamente.

A Secretaria de Transportes do DF publicou em 04/04/2007 no seu portal, depoimento do então Secretario de Transportes, Alberto Fraga onde ele definia o Programa Brasília Integrada como “prioridade ao transporte coletivo e desestímulo ao uso do transporte individual”. O Secretario destacou, à época, o grande número de automóveis emplacados a cada ano e o esgotamento deste tipo de transporte. A média de passageiros por automóvel, segundo o Secretario, seria menor que 1,5.

Tomando os 140 mil veículos que passam por ali a cada dia e a média de 1,5 passageiros por automóvel, podemos dizer que aquela via facilitaria a vida de 210 mil pessoas que por ali circulam diariamente.

Ao mesmo tempo em que as obras da Linha Verde eram implementadas, o GDF adquiriu 12 novos trens para o Metrô. Matéria publicada no jornal Diário do Comércio e Indústria em 23/07/2009 descreve o financiamento feito pelo BNDES ao GDF para aquisição de 12 novos trens ao custo de R$ 325 milhões, sendo R$ 260 milhões o custo dos trens e os outros R$ 65 milhões para modernização da antiga frota e compra de peças sobressalentes. Estes novos trens, cujo primeiro começou a circular na ultima semana, somados aos 20 que já circulam poderão transportar até 300 mil passageiros dia.

Cada trem, segundo o governo, transporta 10 mil passageiros ao dia. Este dado foi publicado no inicio da circulação do novo comboio. Podemos deduzir que cada trem custa R$ 21,66 milhões. Da mesma forma, podemos deduzir que se fossem comprados 21 novos trens ao custo de R$ 455 milhões o Metrô poderia transportar todos aqueles que vêm de automóveis de Samambaia, Taguatinga e Ceilândia. Feito isso não seria necessária a obra na EPTG e as pessoas teriam transporte confiável.

A dúvida que fica do Projeto Brasília Integrada é se de fato ele se propõe a modernizar e melhorar o transporte coletivo. Todos concordam que o transporte individual não poderá continuar a ser o único modo de circular na cidade. Toda ampliação de via já nasce obsoleta, saturada e não há como estacionar os veículos nas cercanias dos locais de trabalho. Contudo, o governo continua a insistir na ampliação de vias. É verdade que a compra de trens não tem a mesma visibilidade da construção de um viaduto ou da implantação de uma nova estrada. É necessário diminuir o tempo de circulação entre a moradia e o trabalho e isso será possível com oferta de transporte coletivo confiável.