quinta-feira, 29 de abril de 2010
Fontenelle e o Marco Zero
O piauiense Mário Fontenelle foi, com justiça, lembrado no Cinqüentenário de Brasília. A CAIXA fez uma mostra e inúmeros cronistas locais registraram a importância de seu trabalho. Alguns deram destaque à pessoa de Fontenelle, além de sua obra. Era um homem de poucas palavras, desconfiado, cioso de seu trabalho. Mecânico de avião que tomou gosto pela fotografia fez algumas das principais fotos da Nova Capital.
A foto dos eixos que se cruzam no cerrado ainda coberto de vegetação tornou-se um ícone do inicio da construção de Brasília. Essa foto tem sido identificada como o “Marco Zero” e esta denominação associou-se àquela imagem como se verdade fosse.
Quem for ao Arquivo Público há de encontrar uma foto dos trabalhos iniciais de terraplanagem na Esplanada dos Ministérios. Nesta foto há alguns profissionais em primeiro plano e ao fundo há uma porção de terra deixada propositalmente, contendo vegetação no topo, de modo a identificar o nível do terreno natural naquele local.
Esse testemunho topográfico servia de referência para todos os trabalhos de nivelamento empreendidos naquela área. Era o “Marco Zero”. Havia uma placa no seu topo com estes dizeres: Marco Zero. Por esta razão Mário Fontenelle o fotografou.
Lá pelos idos de 1978, eu e alguns amigos: Paulo Brasil, Marco Galvão, Tancredo Maia e outros atuávamos no Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB DF, quando na oportunidade, Tancredo e eu, realizarmos uma mostra com fotos de Fontenelle. Talvez a primeira mostra do seu trabalho fotográfico. Demos o nome de “Marco Zero” à mostra em razão daquela foto. Parece que o nome fixou-se à obra de Fontenelle e derivou para aquela foto dos eixos que se cruzam.
Eu e Tancredo Maia visitamos Fontenelle no Lar dos Velhinhos nos seus últimos dias. Ele estava lúcido, mas cansado da luta contra os males da saúde. Ao lado da cama estavam caixas com as suas câmeras e petrechos de fotografia. O seu trabalho se confunde com a construção de Brasília. A ele, sim, todas as homenagens são devidas.
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