quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Rodoviária Nova e Rodoferroviária



A nova Rodoviária Interestadual ficou pronta. A velha Rodoferroviária, não tão velha assim, está à busca de um destino. Concebida um prédio refinado, de autoria do renomado arquiteto Oscar Niemeyer com painéis e difusores de iluminação de Athos Bulcão. Aqueles mesmos encontrados no teto do plenário do Senado Federal.


Pois esta Rodoferroviária passou por momentos tristes e degradantes. Ferroviária já não era, os trens de passageiros foram embora há muito tempo. Seus painéis nobres foram recobertos por placas metálicas mal pintadas de tons indecifráveis, tela de arame e bugigangas, muitas bugigangas.

Em cada canto, em cada passagem havia uma daquelas lojinhas a vender coisas de nenhuma utilidade. Mesmo na circulação, mesmo na plataforma de embarque, na esperança de que no último momento se pudesse tirar algum dinheiro do viajante. A iluminação inadequada, a sujeira dos pisos, os banheiros quebrados e malcheirosos pareciam até mesmo uma reprodução do que ocorre na Rodoviária do Plano Piloto.

Quando a transferência se fez ficaram para traz vários daqueles comerciantes ali colocados pela avidez mesquinha e descontrolada dos administradores das estações rodoviárias públicas. Esperavam ser aceitos na nova Rodoviária Interestadual. Os donos do novo prédio entenderam que só poderiam ali estar as lojas que tivessem o padrão almejado pelos administradores da nova rodoviária.

A justificativa dada para não admitir alguns comerciantes no novo prédio denota uma preocupação com a qualidade dos serviços e dos bens ofertados aos freqüentadores do local. Só com o tempo poderemos aquilatar essa qualidade prometida. A própria funcionalidade e adequação das instalações dependerão do uso para poderem ser avaliadas.

Enquanto isso muitas propostas surgem para a velha Rodoferroviária. Uma delas é que volte a ser Estação Ferroviária. Outra é que abrigue órgãos do Governo local. Há uma reivindicação de que se transforme em um centro de artes e que abrigue ateliês salas de exposição da produção local. Quem sabe centro de artes e Estação Ferroviária. Em todo caso ela terá que passar por séria recuperação.

O episodio nos ensina algo a respeito da administração de Estações Rodoviárias ao estilo populista e caça-níqueis. Todas as Estações Rodoviárias administradas sem critério tornam-se pardieiros. Parece que os seus administradores entendem que os usuários não merecem conforto, higiene, segurança ou respeito. A Rodoviária se transforma em um feudo onde cada centavo deve ser retirado no mais curto tempo possível. Daí aquele aspecto de mercado de pulgas, mesmo que seja no edifício mais central e importante da cidade.

Um novo governo não poderá conviver com tal situação. As estações rodoviárias devem ter a plataforma de embarque livre e conter apenas e somente aquele comercio que atenda as necessidades momentâneas de quem passa por ali. Casas de café, lanchonetes, restaurantes, o prosaico pastel com caldo de cana, a banca de revistas, livraria. Nunca um verdurão com açougue, sapataria e outros mais adequados ao comercio das ruas e shoppings.

2 comentários:

Natacha disse...

Uma pena...mais um prédio que fica às moscas em Bsb. Acho que abrigar uma parte do governo local seria o mais útil. Talvez deva se tornar uma escola de música ou outra atividade cultural...temos carência disso no DF. Uma escola tipo CIEF só que voltada para atividades culturais e/ou de reforço escolar. A localização não é muito atraente para os moradores do plano piloto mas para aqueles da octogonal e cruzeiro é excelente.

JanaFerreira disse...

Gostei muito do artigo. Quanto ao destino, seria interessante se se tornasse um centro cultural com teatro, casa de shows, cursos de arte, exposições... e talvez até continuando a ser uma ferroviária. Quem sabe...