quinta-feira, 14 de julho de 2016

Paixão Pelas Árvores

podaradical

Os textos do relatório do projeto do Plano Piloto de Brasília, apresentado pelo urbanista Lúcio Costa, contém várias passagens onde seu autor se refere às áreas “densamente arborizadas”. E foi assim que a cidade foi construída: com esmero. Houve até uma quadra, a SQS 308 Sul que recebeu um projeto de Burle Marx, que implantado ainda apresenta vestígios dos trabalhos concluídos em 1962 para ser uma quadra modelo.

Essa preocupação foi incorporada pelos habitantes da cidade, antigos e novos. Assim surgiram, a posteriori, os Parques da Cidade, de Olhos D’Agua e o Burle Marx, que fica próximo do Setor Noroeste e ainda não foi implantado. Há também o Jardim Botânico, o Parque Nacional e o Jardim Zoológico.

O final do outono traz a floração dos ipês que se estende até o início da primavera começando com a explosão de cores do ipê roxo, seguido pelo amarelo, o branco e ao final, já próximo do início da temporada das chuvas, os ipês rosa.

Chovem postagens nas redes sociais de pessoas posando tendo como cenários os ipês floridos. São registros para guardar por mais tempo as floradas, naturalmente de breve duração, quando não vítimas dos periquitos que se alimentam do pecíolo das flores, a parte mais macia das pétalas e jogam abaixo os restante.

Durante um bom tempo, a poda ou a remoção de uma árvore dependia de autorização específica. Moradores diziam ser o processo de autorização de poda muito burocrático.

Em junho de 1993 o Governo do Distrito Federal baixou o Decreto nº 14.783 que dispõe sobre o tombamento das espécies arbóreo-arbustivas e dá outras providências.

O Decreto procedeu o tombamento como Patrimônio Ecológico do Distrito Federal das seguintes espécies: copaíba, sucupira, pequi, cagaita, buriti, gomeira, pau-doce, aroeira, embiruçu, perobas e ipês. Além do tombamento destas, estabeleceu que os espécimes arbóreo-arbustivo (sic) nativas ou exóticas raras, de expressão histórica, excepcional beleza ou raridade, em terrenos com declividade superior a 20% e as localizadas em áreas de preservação permanente ficam imunes ao corte.

Vemos esse patrimônio arbóreo sumir a cada dia. Espécimes removidos em razão de obras não são repostos. Em toda quadra encontramos árvores mortas em razão de poda radical. É impossível encontrar uma árvore que não tenha sido mutilada por cortes indiscriminados. Esse patrimônio está sendo destruído por quem deveria protegê-lo.



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