quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chuva precoce não engana cigarra, mas melhora o clima


Este ano as chuvas chegaram mais cedo. E chegaram pesadas. Intensas. As precipitações em agosto chegaram a 72,5 mm. O único ano, desde a inauguração, que teve precipitação em agosto maior que 2009 foi o de 1984, com 93,3 mm acumulados. Nos demais não ocorreu nada parecido. Normalmente as chuvas são significativas em outubro. Em agosto é aquela chuvinha esporádica, bem mais para o final do mês, ainda correndo o risco de nem sempre acontecer porque o mês de agosto, em Brasília é um mês de seca. A média das precipitações atmosféricas nos meses de agosto apuradas, de 1961 até 2008, foi de apenas 13 mm. Muito pouco. Dados estatísticos apuraram que dos 49 anos de Brasília, 22 anos não contaram com uma única gota de chuva na cidade no mes de agosto. Zero mm de precipitação, portanto. Em outros oito anos choveu nos meses de agosto abaixo da média de 13 mm.
A umidade relativa na última sexta-feira de julho estava em 12%, indicando pouca ou nenhuma perspectiva de chuva. Foi uma semana de alerta, pois a umidade relativa do ar oscilou entre 12 e 14%. Níveis limite para a saúde de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS. Os comentários em 31 de julho não eram nada otimistas com relação a chuvas em agosto.
Mas a chuva antecipou a primavera. A paisagem mudou, os gramados ficaram imediatamente verdes. As arvores recobraram suas folhas, especialmente os ipês, caducifólios, em que brotaram folhas de um verde claro e intenso. Mas a antecipação das chuvas não mobilizou a todos. Ainda que a terra tenha ficado úmida e macia em agosto, desconfiadas, as cigarras só apareceram depois da entrada oficial da primavera. Mesmo assim, ainda estão tímidas.
A falta de chuvas e a baixa umidade incomodavam muito o ex-governador José Aparecido. Ele chegou a promover estudos para utilização de aviões que pulverizariam as nuvens com iodeto de prata e fariam chover durante o período de mais baixa umidade. Ele havia tomado conhecimento de experiências no nordeste do Brasil. Contudo, a técnica era pouco conhecida.

Hoje o seu propósito seria exeqüível. Um grupo de pesquisadores composto por Taqueshi Imai (engenheiro mecânico e mestrando em física da atmosfera), Inácio Malmonge Martins (doutor em física e professor do Ita e da Universidade de Taubaté), Majory Imai (administradora de empresas) e Ricardo Imai (estudante de engenharia), criaram uma empresa com o propósito de fazer chover, literalmente.
Eles utilizam a técnica de semear “gotas coletoras” de água pura de tamanho controlado que aglutinam as gotículas de nuvem num processo de colisão e coalescência formando gotas de chuvas. As nuvens crescem rapidamente com aumento significativo das precipitações no local de operação do avião (revista Scientific American, setembro 2009 p. 74-79).
Esses pesquisadores têm prestado serviço para a Sabesp provocando chuvas sobre o sistema Cantareira que abastece São Paulo. Eles comprovaram que as Regiões Centro-Oeste e Nordeste possuem nuvens adequadas para semeadura em períodos cíclicos, ou seja, poderíamos ter chuva induzidas em Brasília reduzindo o período de seca e amenizando as condições climáticas.

Um comentário:

Anônimo disse...

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