quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Filme Produzido em Brasília Conquista a América Latina
O 31º Festival Del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana (Cuba), que ocorreu no inicio de Dezembro de 2009, elegeu como o Melhor Curta Metragem o filme “Para Pedir Perdão”. Este festival internacional de cinema é reconhecido pela representatividade e qualidade dos filmes nele apresentados.
O filme “Para Pedir Perdão” foi também selecionado e apresentado em novembro deste ano, como um dos dez finalistas do Festival 2009 do canal de TV AXN - América Latina, fato que confirma a escolha do Festival de Havana.
Um homem atropela um táxi. Assim começa a busca alucinada de Pedro por Elisa em uma noite chuvosa de Carnaval. Esta é a sinopse do filme. Parte de sua filmagem ocorre durante o desfile do Galinho da Madrugada, bloco carnavalesco de Brasília. O temário é brasiliense. O cenário é a cidade. O filme foi produzido em 35 mm e tem 17 minutos de duração.
Dirigido pelo cineasta e diretor Iberê Carvalho, o filme “Para Pedir Perdão” tem como elenco principal Fernanda Rocha, Vinicius Ferreira, Roque Fritsh, André Deca e Camille Santos. A produção executiva é de J. Procópio e Renato Marques; direção de fotografia de André Lavenere; direção de arte de Maira Carvalho; som direto de Maços Manna; montagem de J. Procópio; Soundtrack da Disco Alto e edição de som de Micael Guimarães.
Esse filme foi concebido e produzido em Brasília. Igualmente, vários filmes são produzidos anualmente por equipes locais. A maioria é constituída de curtas-metragens. Filmes que têm por objetivo maior mostrar a capacidade de dominar a linguagem audiovisual. A premiação em um festival internacional de prestigio confirma a maturidade da produção brasiliense.
O reconhecimento da produção local chama a atenção para as possibilidades representadas pela produção cinematográfica brasiliense. Trata-se de uma atividade produtiva como qualquer outra. Gera emprego e renda como as outras indústrias. Não é poluente e destaca os valores culturais locais.
È sabido que somos levados a cultuar valores de culturas exóticas por sermos consumidores de seus filmes, músicas e programas televisivos. Repetimos expressões e gestos que pouco têm a ver com nossos costumes. Usamos a língua estrangeira nos anúncios como se isso tornasse o produto algo moderno, identificado com desenvolvimento e sofisticação.
O fortalecimento da indústria cultural nacional é a resposta para o fortalecimento do sentimento de nacionalidade, de afirmação de valores, de reconhecimento de nossas origens. O momento é propicio, o Brasil recomeça a crer na sua própria força e na desnecessidade de copiar a outras culturas.
É hora do governo local assumir que existe uma indústria cinematográfica no Distrito Federal e oferecer os meios para que ela se desenvolva ! O reconhecimento e o apoio aos nossos produtores culturais permitiria consolidar uma atividade que se mantém pela teimosia destes jovens que trabalham em outras atividades tais como magistério, publicidade etc. para sustentarem sua grande paixão. Uma indústria sólida não se mantém pelo diletantismo.
Um comentário:
Caro Eustáquio, obrigado pelo texto.
O mercado cinematográfica realmente pode se transformar e um segmento importante da economia. Mas por hora o que temos é bem o que você disse: um bando de loucos investindo para manter vivo o sonho e provar que sabe fazer para quem decide quem vai fazer.
Mas quem tem persistência, um pouco de organização, loucura e amigos, acaba fazendo seu filme. Quase sempre com alguma ajuda do Estado. Já, fazer bem, é outro papo. Mas claro, é preciso fazer para aprender, para fazer e aprender mais e assim vai...afinal esse é o tipo de coisa que se aprende fazendo. (Até chegar um Orson Wells da vida, e provar, de primeira, que não precisa fazer muitos para fazer bem feito)
Se o GDF tivesse investido tudo que deve, que já está assegurado por lei (FAC e Editais do POLO), de forma regular, durante os últimos 9 anos, (que é desde quando acompanho), seguramente o mercado cinematográfico do DF estaria muito mais organizado e consolidado. Os proponentes sempre tiveram seus projetos parados em função de atrasos de compromissos por parte da Secretaria de Cultura. Muitas produtoras que hoje existem, registradas, gerando impostos e empregos já estariam no mercado há muito mais tempo se tivesse existido regularidade e compromisso com os recursos que deveriam ser destinados ao apoio à produção cinematográfica. Junto com elas muitas outras que não existem hoje e que não sabemos se virão a existir. Assim como outras empresas de fornecedores de serviços diretos e indiretamente ligados à produção de um filme.
Estamos ainda emperrados nessa batalha de assegurar um direito já conquistado, ao invés de estarmos um passo a frente e já pensando e discutindo não só o pão de cada dia, mas as maneiras de realmente transformar esse mercado e dar vazão a todo esse material que estaríamos produzindo.
Um dos mercados que mais será afetado (e já esta sendo) pelo avanço tecnológico atual é o mercado audiovisual. Não chego a achar que o vídeo substituirá o texto, como dizem alguns falsos profetas exagerados, mas é notório e inexorável (para citar o Juliano Coacci) que o vídeo está ocupando um espaço muito maior no entretenimento e comunicação. A internet rápida que possibilita baixar vídeo em alta qualidade, os celulares com telas grandes e que se conectam a televisores. Os televisores com acesso à internet... A câmera fotográfica que faz vídeo. A TV digital com diversos canais locais...O cinema que continuará existindo....enfim.
Nós precisamos ocupar esses espaços com conteúdo audiovisual de qualidade e com valor em um mundo onde o vídeo estará em excesso. Onde todos que possuam uma pequena câmera fotográfica e um acesso à internet (o que pode ser conseguido num único aparelho:celular) são potênciais autores, cinegrafistas, atores, diretores de programação e até donos do canal de difusão.
O Brasileiro é um grande usuário de internet, tem criatividade e é comunicativo. Temos tudo para assumir um papel menos coadjuvante nessa história toda...enfim... a discussão é complexa.
Ouvi dizer que o Minc fará um seminário em Fortaleza com representantes de vários segmentos de midia e difusão de dados para discutir essas coisas.
Bom...seu texto acabou me fazendo pensar sobre o mercado quando disse que em Brasília existe uma indústria. Será? Não sei...talvez. Mas uma industria de um produto que ninguém nem sabe que existe, nem mesmo para saber se quer consumir ou não. Quando digo que faço curtas quase todos fazem uma cara de: "Hummm...que diabo é isso?"
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