trams em St. Petersburg.
Moscou, a capital da Rússia, é tida como uma cidade dotada de transporte público excelente, em quantidade e qualidade, comparável ao de outras capitais européias tidas como referência. Por esse motivo causou espanto uma recente reportagem na televisão, mostrando extensos engarrafamentos na capital russa.
O engarrafamento mostrado em Moscou seria uma decorrência da abertura da economia do país e da importação de veículos. A reportagem verificou que o tempo médio de viagem de casa para o trabalho e vice-versa é de 3 horas e meia (sic). Ao mesmo tempo em que as câmeras mostravam as filas intermináveis de carros parados na via, cada qual transportando um motorista exasperado, mostrava também ônibus de qualidade circulando vazios.
Tal constatação contradiz o entendimento corrente entre os especialistas de que um bom sistema de transporte público levaria os motoristas a optarem por deixar seus carros em casa. A partir desse exemplo, pode-se afirmar que somente investir em transporte coletivo não reduz a poluição nas cidades, os engarrafamentos e o stress no trânsito.
Algumas cidades vêm impondo restrições à circulação de veículos individuais nos centros de maior afluxo como forma de melhorar a qualidade de vida. Dois modelos se sobressaem aos demais: o primeiro institui um pedágio para aqueles que acessam determinada área. Este modelo é adotado em Londres, Cingapura, Oslo e outras grandes cidades. Tem por propósito, reduzir a circulação de veículos na área definida e também financiar as soluções de transporte na cidade. Os resultados colhidos têm sido alvissareiros o que levou a população londrina a apoiá-lo. Verificou-se aumento da velocidade dos veículos em circulação, redução das emissões de gazes poluentes, aumento da utilização de táxis, de motocicletas e bicicletas e redução dos atrasos causados por engarrafamentos.
Outro modelo é o de rodízio, adotado, por exemplo, em São Paulo e na Cidade do México para reduzir a poluição do ar. Em São Paulo, implantado pelo Governo do Estado, funcionava de maio a setembro. Era a “Operação Rodízio”. Posteriormente a Prefeitura instituiu o programa “Horário de Pico”, que restringiu a circulação de automóveis pela manhã e pela tarde, limitou a circulação de caminhões na área delimitada como “Mini-anel Viário”. Esse modelo reduziu a poluição, mas com o tempo, com o aumento da frota, mostrou-se pouco efetivo.
A solução proposta para o transporte público em Brasília foi chamado de intermodal por contemplar o metrô, veiculo leve sobre trilhos e ônibus. Mas a sua racionalização não irá, por si só, resolver o problema dos engarrafamentos, que a cada dia se tornam mais e mais complexos. Tampouco a construção de garagens no centro resolverá o problema, ao contrario irá agravá-lo.
A volta do transporte funcional e a instituição do transporte escolar foram sugestões apresentadas aqui nesta coluna em edições anteriores. Outras propostas deverão surgir para permitir que circulemos de forma menos onerosa, mais confortável e civilizada. O meio ambiente agradece.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Filme Produzido em Brasília Conquista a América Latina
O 31º Festival Del Nuevo Cine Latinoamericano de Havana (Cuba), que ocorreu no inicio de Dezembro de 2009, elegeu como o Melhor Curta Metragem o filme “Para Pedir Perdão”. Este festival internacional de cinema é reconhecido pela representatividade e qualidade dos filmes nele apresentados.
O filme “Para Pedir Perdão” foi também selecionado e apresentado em novembro deste ano, como um dos dez finalistas do Festival 2009 do canal de TV AXN - América Latina, fato que confirma a escolha do Festival de Havana.
Um homem atropela um táxi. Assim começa a busca alucinada de Pedro por Elisa em uma noite chuvosa de Carnaval. Esta é a sinopse do filme. Parte de sua filmagem ocorre durante o desfile do Galinho da Madrugada, bloco carnavalesco de Brasília. O temário é brasiliense. O cenário é a cidade. O filme foi produzido em 35 mm e tem 17 minutos de duração.
Dirigido pelo cineasta e diretor Iberê Carvalho, o filme “Para Pedir Perdão” tem como elenco principal Fernanda Rocha, Vinicius Ferreira, Roque Fritsh, André Deca e Camille Santos. A produção executiva é de J. Procópio e Renato Marques; direção de fotografia de André Lavenere; direção de arte de Maira Carvalho; som direto de Maços Manna; montagem de J. Procópio; Soundtrack da Disco Alto e edição de som de Micael Guimarães.
Esse filme foi concebido e produzido em Brasília. Igualmente, vários filmes são produzidos anualmente por equipes locais. A maioria é constituída de curtas-metragens. Filmes que têm por objetivo maior mostrar a capacidade de dominar a linguagem audiovisual. A premiação em um festival internacional de prestigio confirma a maturidade da produção brasiliense.
O reconhecimento da produção local chama a atenção para as possibilidades representadas pela produção cinematográfica brasiliense. Trata-se de uma atividade produtiva como qualquer outra. Gera emprego e renda como as outras indústrias. Não é poluente e destaca os valores culturais locais.
È sabido que somos levados a cultuar valores de culturas exóticas por sermos consumidores de seus filmes, músicas e programas televisivos. Repetimos expressões e gestos que pouco têm a ver com nossos costumes. Usamos a língua estrangeira nos anúncios como se isso tornasse o produto algo moderno, identificado com desenvolvimento e sofisticação.
O fortalecimento da indústria cultural nacional é a resposta para o fortalecimento do sentimento de nacionalidade, de afirmação de valores, de reconhecimento de nossas origens. O momento é propicio, o Brasil recomeça a crer na sua própria força e na desnecessidade de copiar a outras culturas.
É hora do governo local assumir que existe uma indústria cinematográfica no Distrito Federal e oferecer os meios para que ela se desenvolva ! O reconhecimento e o apoio aos nossos produtores culturais permitiria consolidar uma atividade que se mantém pela teimosia destes jovens que trabalham em outras atividades tais como magistério, publicidade etc. para sustentarem sua grande paixão. Uma indústria sólida não se mantém pelo diletantismo.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
As Chuvas em São Paulo Têm Muito a Ensinar
São Paulo Embaixo D'Água - Foto de: Fernando Donasci
As mudanças no clima vêm impondo um regime de chuvas cada vez mais intenso. As precipitações ocorrem com maior intensidade e em menor espaço de tempo. O fenômeno se dá no campo e na cidade, nos países ricos e nos pobres. Inundações, quedas de barreiras e soterramentos ocorrem por toda parte durante toda a temporada de chuvas.
Prova de que o fenômeno é comum é o fato de que o Prefeito de Nova Iorque, nos Estados Unidos, foi eleito com a promessa de impor a coleta das águas de chuvas aos proprietários de prédio. O propósito era reduzir o consumo de água e as inundações.
Na última semana noticiou-se o soterramento de várias casas construídas em um terreno da Prefeitura de São Paulo. Adultos e crianças perderam a vida. A área de propriedade da Prefeitura seria imprópria para ocupação. Após o desastre a Defesa Civil interditou as casas próximas em situações iguais às daquelas acidentadas.
Esse é uma prática comum a todas as cidades. A Defesa Civil só aparece após o desastre. A Prefeitura permite, ao não fiscalizar, que se construa em terrenos sabidamente impróprios. Não há políticas permanentes de oferta de habitação para as populações de baixa renda. Resta a eles ocuparem os terrenos que ninguém quer: as encostas, as beiras de riachos, as margens de rodovias etc.
Os alagamentos se repetem e as propostas são paliativas. A maioria das iniciativas são de alargamento dos rios e riacho, além de obras de dragagem. Mais recentemente o vilão é o lixo que entope os bueiros e impede o escoamento das águas. É impactante ver a indústria perder o estoque, o CEAGESP, com um metro de água e as frutas e verduras boiando nas águas, famílias perdendo tudo que conseguiram adquirir com uma vida de trabalho. Tudo isso resulta em prejuízos materiais e riscos à saúde, até mesmo em perda da vida.
A questão dos alagamentos poderia ser resolvida, ou minimizada, com uma medida hoje aceita por consenso. A Prefeitura Municipal, via projeto de Lei, poderia impor a todos os prédios da cidade a coleta e o armazenamento das águas das chuvas. Essas águas serviriam para utilização em bacias sanitárias e para limpeza sem impor risco às pessoas. Ao armazenar e utilizá-la para uso nos prédios haveria redução na necessidade de importação de água de rios distantes o que resultaria em economia de energia.
Por outro lado, o armazenamento das águas das chuvas reduziria o volume de águas que seria lançado nos rios, córregos e outros canais de drenagem acabando de vez com as enchentes que tantos transtornos causam a todos. É lícito supor que um terço das águas das chuvas seria armazenado durante sua precipitação. Trata-se de medida permanente e de interesse de toda a cidade.
Paralelo a isso cumpre empreender políticas de oferta de moradias aos menos favorecidos, em locais seguros evitando as tragédias que ocorrem todos os anos.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
O Setor de Oficinas Sul é inadequado para Habitação
Em 26 de dezembro de 2006, nos últimos dias do governo anterior, foi publicada a Lei Complementar nº 733 que dispõe sobre o Plano Diretor Local da Região Administrativa do Guará - RA X, e estabelece diretrizes e estratégias para seu desenvolvimento sustentável e integrado.
Essa Lei permitiu que a altura máxima dos edifícios fosse aumentada para oito pavimentos e que por outorga essa altura fosse aumentada ao sabor dos interesses imobiliários. Também permitiu que, entre outras facilidades nos vários setores da cidade, o Setor de Oficinas Sul recebesse habitações.
Tem sido noticiada a venda de unidades habitacionais no Setor de Oficinas Sul. Os anúncios alardeiam as qualidades das unidades habitacionais e dos equipamentos postos a disposição dos moradores nos limites do lote onde elas estarão implantadas.
O conceito de bem morar, conforme concebido por Lucio Costa nas Unidades de Vizinhança ultrapassa em muito a unidade de moradia. Lucio teve o cuidado de prever o comércio local com as padarias, farmácias, mercearias, restaurantes, bares, e outros estabelecimentos comerciais indispensáveis ao atendimento das primeiras necessidades de abastecimento e apoio aos moradores.
Também previu as creches, a escola para as crianças menores, a escola parque, o clube de unidade de vizinhança, a igreja, as áreas de lazer e de convivência para populações de até 10 mil habitantes, como um bairro onde as pessoas se encontrariam e se desenvolveriam harmonicamente.
O Setor de Oficinas Sul está localizado ao longo da rodovia de ligação entre o Norte e o Sul do Distrito Federal, por onde trafegam os caminhões oriundos de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, além daqueles que vêm ou vão para Salvador, Fortaleza e outras cidades do Norte. Tráfego pesado.
O trânsito ao redor daquele setor é intenso e perigoso. Região inadequada para circular o transporte de crianças para as escolas, para o culto religioso, para a busca do lazer ou qualquer outra atividade interativa. A hierarquização das vias nos planos urbanos tem por objetivo proteger as pessoas de perigos previsíveis e desnecessários, daí porque não foram previstas habitações ao longo da EPIA.
É tempo de corrigir esse equivoco que permitiu a mudança de destinação de uso do Setor de Oficinas Sul e evitar que pessoas menos avisadas sejam levadas a adquirir ali suas moradias, pois por certo no futuro descobrirão o equivoco de viver no isolamento cercado do desconfortante e perigoso fluxo de veículos pesados, por todos os lados.
sábado, 28 de novembro de 2009
Cinema é Renda, Emprego e Cultura
Neste domingo, 22 de novembro, foram apresentados às 15h, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional, parte dos filmes selecionados para a Mostra Digital Competitiva do 42º Festival de Cinema de Brasília. Os demais filmes da Mostra Digital foram apresentados às 15h30 no Centro Cultural Banco do Brasil. Os filmes digitais são a porta de entrada para os novos diretores de cinema. Os custos financeiros destas obras são baixos. Os filmes apresentados no domingo, segundo seus produtores, custaram entre R$ 350,00 e R$ 15.000,00. O primeiro não pagou a nenhumas das pessoas que trabalharam em sua produção e o último gastou 80 por cento da verba com pessoal e o restante com outras despesas.
A indústria cinematográfica tem repercussão muito além do próprio processo produtivo. Durante a produção dos filmes ela envolve profissionais com formação em áreas diversas, como maquinista, iluminador, eletricista, cenarista, continuista, figurinista, maquiador, fotógrafo, ator, montador, diretor, produtor, assistente, roteirista e outros, dependendo da complexidade do filme. São muitas pessoas empregadas para produzir e outras tantas para distribuir, exibir, manter as salas de exibição etc.
É comum encontrar pessoas acostumadas aos filmes Hollywoodianos dizendo que os filmes nacionais não atendem às suas expectativas. Os planos, as cores, o enquadramento, tudo reflete uma forma de ver o mundo. Estes consideram a produção nacional como de segunda. Estão condicionados a ver o cinema com os olhos de Hollywood. Reeducar o brasileiro a se ver nas telonas ou nos filmes da TV é tão importante quanto gerar empregos na indústria cinematográfica.
O governo local tem procurado incentivar de muitas formas a geração de empregos. A forma mais identificável é o PRÓ-DF que distribui lotes, oferece recursos subsidiados e isenções fiscais por entender que assim estará aumentando a oferta de empregos. A indústria cinematográfica, não poluente, produz maior número de empregos por real investido. A fixação de Brasília como um pólo produtor de cinema no Brasil, assim como queria o Governador José Aparecido, irá acontecer se for fortemente apoiada pelo governo local.
A produção de curtas em vídeo é a forma barata de formar profissionais e identificar talentos. Os curtas em película e os longas irão confirmar aqueles profissionais e levá-los ao mercado. Assim um dia poderemos ter uma "Brasiliawood" a exemplo do Bollywood da Índia.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
As Passagens Subterrâneas Necessitam de Reparos
Foto: José Varella
Tempos em tempos alguma autoridade vem a público apresentar projetos para as passagens subterrâneas. Nova iluminação, segurança e inúmeras melhorias. Essas propostas coincidem com algum incidente envolvendo pedestre que, por variados motivos preferiu cruzar o Eixo Rodoviário onde não há faixa de pedestre ou semáforo que possa protegê-lo.
Ao se expor aos perigos da travessia o pedestre denuncia o receio de usar a passagem subterrânea construída especialmente para sua proteção. Afinal elas permitem o cruzamento da via sem contato com o veiculo. Mas ainda assim muitas são as vitimas do tráfego de veículos, especialmente à noite quando a visibilidade dos condutores é comprometida.
Por mais de uma oportunidade autoridades tentaram coibir o cruzamento do Eixão por pedestres. Foi apresentada como solução a construção de barreiras com cercas, muretas e outros obstáculos que os impedisse de atravessar a via de tão alto risco. As razões pelas quais o pedestre não utiliza as passagens são várias. As passagens estão seriamente danificadas. Os pisos esburacados e as grelhas coletoras de águas pluviais estão quebradas com sério perigo de tombo ou danos pela possibilidade de cair nelas.
As paredes perderam seu revestimento. O revestimento original era de material de boa qualidade, cerâmica vitrificada. Entretanto a argamassa de assentamento não aderiu ao material cerâmico e o revestimento se desprende em grandes placas, naturalmente ou por ação de vândalos que o arrancam para ali apor a sua assinatura.
A situação da Asa Sul difere da Asa Norte. A Galeria dos Estados, que liga o SCS ao SBS e que abriga lojas que funcionam todo o dia é intensamente utilizada. Á noite ela é evitada. Há, em algumas quadras, as estações do Metrô com passagens em boas condições. Entretanto aquelas passagens distam umas das outras mais do que os pedestres estão dispostos a andar. Entre o SCN e o SBN não há passagem alguma. Órgão do Governo se apropriaram das galerias e não foi construída passsagem sob o Eixão naquela localidade.
É tempo de voltar a pensar nas passagens subterrâneas, recuperá-las e buscar formas de coibir o vandalismo. Ainda que seja para evitar um único acidente já vale a pena, e não ocorre apenas um a cada ano.
Recuperar as passarelas e convencer seus usuários de que podem utilizá-las sem sobressalto seria a melhor forma de garantir seu uso. Para isso é necessário restaurá-las. Garantir a presença de mecanismos de monitoramento constante com câmeras e a presença imediata de policiais sempre que ocorra qualquer incidente ou que haja o risco de vir a ocorrer.
Tempos em tempos alguma autoridade vem a público apresentar projetos para as passagens subterrâneas. Nova iluminação, segurança e inúmeras melhorias. Essas propostas coincidem com algum incidente envolvendo pedestre que, por variados motivos preferiu cruzar o Eixo Rodoviário onde não há faixa de pedestre ou semáforo que possa protegê-lo.
Ao se expor aos perigos da travessia o pedestre denuncia o receio de usar a passagem subterrânea construída especialmente para sua proteção. Afinal elas permitem o cruzamento da via sem contato com o veiculo. Mas ainda assim muitas são as vitimas do tráfego de veículos, especialmente à noite quando a visibilidade dos condutores é comprometida.
Por mais de uma oportunidade autoridades tentaram coibir o cruzamento do Eixão por pedestres. Foi apresentada como solução a construção de barreiras com cercas, muretas e outros obstáculos que os impedisse de atravessar a via de tão alto risco. As razões pelas quais o pedestre não utiliza as passagens são várias. As passagens estão seriamente danificadas. Os pisos esburacados e as grelhas coletoras de águas pluviais estão quebradas com sério perigo de tombo ou danos pela possibilidade de cair nelas.
As paredes perderam seu revestimento. O revestimento original era de material de boa qualidade, cerâmica vitrificada. Entretanto a argamassa de assentamento não aderiu ao material cerâmico e o revestimento se desprende em grandes placas, naturalmente ou por ação de vândalos que o arrancam para ali apor a sua assinatura.
A iluminação foi destruída. Não há mais lâmpadas e mesmo as luminárias metálicas já não se prestam a seus objetivos. Em certo momento essa iluminação foi protegida por gaiolas de ferro e telas e ainda assim os inimigos do bem público arrancaram as gaiolas e depedraram as luminárias.
A situação da Asa Sul difere da Asa Norte. A Galeria dos Estados, que liga o SCS ao SBS e que abriga lojas que funcionam todo o dia é intensamente utilizada. Á noite ela é evitada. Há, em algumas quadras, as estações do Metrô com passagens em boas condições. Entretanto aquelas passagens distam umas das outras mais do que os pedestres estão dispostos a andar. Entre o SCN e o SBN não há passagem alguma. Órgão do Governo se apropriaram das galerias e não foi construída passsagem sob o Eixão naquela localidade.
É tempo de voltar a pensar nas passagens subterrâneas, recuperá-las e buscar formas de coibir o vandalismo. Ainda que seja para evitar um único acidente já vale a pena, e não ocorre apenas um a cada ano.
Recuperar as passarelas e convencer seus usuários de que podem utilizá-las sem sobressalto seria a melhor forma de garantir seu uso. Para isso é necessário restaurá-las. Garantir a presença de mecanismos de monitoramento constante com câmeras e a presença imediata de policiais sempre que ocorra qualquer incidente ou que haja o risco de vir a ocorrer.
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Energia das Academias para o Meio Ambiente
Brasília é uma cidade de academias de ginástica. Muitas pessoas praticam exercícios. Em verdade seria difícil dizer se aqui o número de praticantes é maior que em outras cidades, mas pode-se dizer que o percentual de praticantes é significativo. Algumas pessoas o fazem por exigência de saúde, outras por vaidade e estética e muitas pelo prazer proporcionado durante e após a prática. Quase todos afirmam que dormem melhor quando fazem exercício.
Segundo estimativas de profissionais da área, 2 por cento da população pratica regularmente exercícios em academias de ginástica. Considerando que Brasília tem uma população de aproximadamente 2 milhões de habitantes, pode-se concluir que 40 mil pessoas praticam exercícios regularmente. Ainda segundo aqueles profissionais, a média de esforço despedido corresponde a 400 Kcalorias diárias.
Os exercícios são executados, em geral com o esforço em bicicletas, caminhadas em esteiras, levantamento de pesos e outros movimentos que implicam em esforço. Mais recentemente as máquinas e equipamentos vêm sendo aperfeiçoados de modo a se adaptarem aos usuários, mas ainda são máquinas reguladas por pesos, pesos feitos de ferro.
Pois bem, imaginemos que as máquinas das academias de ginástica tivessem geradores que pudessem ter sua carga calibrada de modo que aqueles que quisessem praticar com menor esforço a pudessem regulá-las a seu gosto ou força, mas que todas elas produzissem energia. Considerando que 40 mil pessoas praticam exercícios e que elas utilizam 400 kcal temos um total de 16 milhões de Kcal decorrentes dessa pratica.
Considerando ainda que uma caloria corresponda a 4,184 joules e que 1 joule/seg. é igual a 1 watt temos que essas pessoas praticando ginástica produziriam 66,944 milhões KWs ou 18,5955 megaWh diariamente. Isso representa 371,9111 megaWh mensalmente, se considerarmos 20 dias de treinamento por mês. Uma energia considerável levando-se em conta que a potência instalada na geradora da Barragem do Paranoá é de 25 megaWh.
Uma residência modesta consome cerca de 100 kWh ao mês. Um apartamento de alto padrão, com todos os possíveis equipamentos eletroeletrônicos consome até 400 KWh ao mês. A média de consumo domiciliar obtida com os dados acima é de 250 KWh ao mês. A partir dos números de consumo residencial, o esforço despendido pelos atletas nas academias, daria para abastecer 1487 residências o que equivale a atender às demandas de energia elétrica de 5.950 pessoas, levando-se em conta que cada domicílio abriga quatro moradores.
Aproveitando esse potencial, teríamos a energia produzida pelas primeiras academias ecológicas do país (quiçá do mundo), contribuindo para a redução do consumo e produzindo energia limpa, movida apenas pelo suor dos atletas.
Agradecimentos: Patrícia Soares Morales (mestre em Física) e Natacha Carvalho F. Santos (PHD em Química)
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sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Táxi com Cara Nova
Foto: simulação
Os táxis de Brasília receberão duas faixas, uma verde e outra amarela. Elas circundarão o carro passando sobre a tampa do motor. Nas laterais ficarão ao longo das portas um pouco abaixo dos vidros e ao fundo acompanharão o porta-malas. Isso permitirá a fácil identificação dos táxis e vem se somar as outras medidas quanto à cor. Os carros deverão ser branco, cinza ou prata. Predomina a cor prata.
Essa prática de definição de uma cor chamativa para os táxis é comum nas principais cidades de todo o mundo. Em algumas cidades os táxis usam modelos específicos de carros. Alguns contam com separação entre passageiros e motorista, oferecendo privacidade aos usuários e segurança aos condutores.
Nos últimos vinte anos vimos a frota envelhecer, carros com mais de dez anos circulando livremente. Veículos com duas portas, sem manutenção, sem espaço para bagagem eram utilizados até mesmo no aeroporto. Os profissionais deixaram de ser controlados pelo serviço de permissões. Os carros na sua maioria são dirigidos por locatários de placas. Em tese os permissionários, detentores das placas, teriam sido selecionados.
Os governos federal e local oferecem já há algum tempo vantagens fiscais para os permissionários. Eles podem comprar seus carros com isenção de IPI e de outros tributos o que reduz em até 30 por cento o preço de compra. Entretanto, como quem efetivamente circula são os profissionais que alugam as placas dos permissionários, estes deixam de se valer do beneficio. Esses taxistas alegam que além de não ter o beneficio da isenção fiscal ainda são penalizados com a pintura das faixas, pois ao pintar o carro ficam com o ônus de repintá-lo quando o veiculo por algum motivo deixar de circular.
A definição das cores dos veículos, o limite de idade dos que podem circular, a indumentária dos condutores são ganhos significativos para os usuários desse serviço público. Mas há que se regular a questão das permissões. O atual modelo com permissionários que as alugam não serve aos profissionais que efetivamente trabalham nem aos usuários. As permissões deveriam ser objeto de licitação de tempos em tempos com preferência para os profissionais que efetivamente trabalhem como taxista. Também deveria ser proibido o emplacamento de veiculo que não fosse de propriedade do permissionários. Isso evitaria que pessoas acumulassem placas para o seu aluguel.
É comum nas grandes cidades a existência e empresas e cooperativas de táxi. Menos entre nós. Os passageiros que chegam aos aeroportos em geral optam por táxis de cooperativas por ter o conforto de pagar a viagem antecipadamente e não correr o risco de ser ludibriado. As cooperativas dão ainda a segurança de estar o passageiro com um profissional que é conhecido e que presta contas a alguém.
Os táxis de Brasília receberão duas faixas, uma verde e outra amarela. Elas circundarão o carro passando sobre a tampa do motor. Nas laterais ficarão ao longo das portas um pouco abaixo dos vidros e ao fundo acompanharão o porta-malas. Isso permitirá a fácil identificação dos táxis e vem se somar as outras medidas quanto à cor. Os carros deverão ser branco, cinza ou prata. Predomina a cor prata.
Essa prática de definição de uma cor chamativa para os táxis é comum nas principais cidades de todo o mundo. Em algumas cidades os táxis usam modelos específicos de carros. Alguns contam com separação entre passageiros e motorista, oferecendo privacidade aos usuários e segurança aos condutores.
Nos últimos vinte anos vimos a frota envelhecer, carros com mais de dez anos circulando livremente. Veículos com duas portas, sem manutenção, sem espaço para bagagem eram utilizados até mesmo no aeroporto. Os profissionais deixaram de ser controlados pelo serviço de permissões. Os carros na sua maioria são dirigidos por locatários de placas. Em tese os permissionários, detentores das placas, teriam sido selecionados.
Os governos federal e local oferecem já há algum tempo vantagens fiscais para os permissionários. Eles podem comprar seus carros com isenção de IPI e de outros tributos o que reduz em até 30 por cento o preço de compra. Entretanto, como quem efetivamente circula são os profissionais que alugam as placas dos permissionários, estes deixam de se valer do beneficio. Esses taxistas alegam que além de não ter o beneficio da isenção fiscal ainda são penalizados com a pintura das faixas, pois ao pintar o carro ficam com o ônus de repintá-lo quando o veiculo por algum motivo deixar de circular.
A definição das cores dos veículos, o limite de idade dos que podem circular, a indumentária dos condutores são ganhos significativos para os usuários desse serviço público. Mas há que se regular a questão das permissões. O atual modelo com permissionários que as alugam não serve aos profissionais que efetivamente trabalham nem aos usuários. As permissões deveriam ser objeto de licitação de tempos em tempos com preferência para os profissionais que efetivamente trabalhem como taxista. Também deveria ser proibido o emplacamento de veiculo que não fosse de propriedade do permissionários. Isso evitaria que pessoas acumulassem placas para o seu aluguel.
É comum nas grandes cidades a existência e empresas e cooperativas de táxi. Menos entre nós. Os passageiros que chegam aos aeroportos em geral optam por táxis de cooperativas por ter o conforto de pagar a viagem antecipadamente e não correr o risco de ser ludibriado. As cooperativas dão ainda a segurança de estar o passageiro com um profissional que é conhecido e que presta contas a alguém.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
Espaço de convivência para a UnB
A escuridão e a insegurança foram mote de campanha para o cargo de Reitor da UnB. As promessas tomavam por justificativa a existência, recente, dos cursos noturnos, coisa que não havia no passado. Foram lembrados os furtos nos estacionamentos, para os quais se prometia melhoria da iluminação.
Propunha-se a transferência dos custos da iluminação e de sua manutenção para a CEB, sob o argumento de que caberia a ela arcar com os custos decorrentes. Como se sabe, a taxa de iluminação pública é cobrada junto com o IPTU. Sendo a UnB parte do Governo Federal e dela não é cobrado qualquer tributo, não se sabe em que se apoiava a idéia de transferir aqueles custos de iluminação para outrem pagar.
A verdade é que a eleição do Reitor passou, a discussão sobre a iluminação não prosperou e a escuridão é atemorizante. Nos pontos de ônibus mal se vê aqueles que esperam por transporte e nos caminhos que ligam os prédios espalhados pelo Campus não há iluminação que permita ao transeunte se sentir seguro.
Por outro lado, o Campus contém inúmeras atividades de apoio que são toleradas e não assumidas por sua administração. A banca de jornais, a livraria improvisada, a lanchonete ao final da ala norte do Minhocão, bancos e diversas outras. São atividades necessárias, mas postas em conflito com a finalidade de cada edificação. Funcionam de forma precária e não atendem aos clientes como poderiam e deveriam.
Há um caminho quase obrigatório a quem estuda na UnB. Mesmo aqueles que estudam durante o dia vão à biblioteca em algum momento. Quase todos para lá se dirigem á noite para reforçar os estudos, pesquisar algo, fazer trabalho em grupo. Para tanto, enfrentam a escuridão e o isolamento da Biblioteca.
Para conter todos os serviços necessários ao apoio à atividade acadêmica e atividades culturais imagino uma Galeria que siga em direção á Biblioteca, que se inicie próximo à L-3, defronte ao posto de gasolina.
Nesta Galeria o transeunte poderia encontrar: lojas de reprografia, encadernação e edição de monografias, dissertações e teses. Um teatro para as apresentações dos tantos grupos que existem no campus. Um espaço para apresentação dos vídeos e filmes produzidos pela comunicação. Livrarias, várias. Restaurantes, pizzaria, café, lanchonete, bancos, cooperativa, e espaços para as associações de servidores e alunos e as Fundações de Apoio. Quanto renderia uma licitação para a lanchonete?
Imagino lojas pequenas de dois pavimentos com varanda ampla e contínua cobrindo todo o caminho, iluminação intensa e espaços generosos, com as edificações em pequenos blocos de modo a não se tornar uma barreira entre o Minhocão e parte norte do Campus. Um caminho com uma cobertura para abrigar todos os serviços. Isso daria um espaço de convivência ao Campus, um espaço para o fervilhar das idéias e proposições como deve ocorrer nas universidades.
Calma! Isto não é um novo mote de campanha nem eu sou candidato à Reitoria. É uma contribuição, de um ex-aluno, usuário da biblioteca, que enfrentou aqueles caminhos à noite.
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A Esplanada não Permite Monumentos nem Barracas
Foto: Fábio Mota/AE
O projeto de Oscar Niemeyer, Memorial dos Presidentes, foi motivo de recente debate em Brasília, o que transformou a cidade em palco de discussão que envolveu pessoas de todas as profissões, moradoras de todas as localidades, especialistas, jornais, televisão, rádio e internet. Debate apaixonado, como tem acontecido com assuntos que envolvem a cidade.
O projeto do arquiteto previa a construção, na Esplanada dos Ministérios, de uma grande praça de concreto, com estacionamento subterrâneo para três mil veículos, contendo na superfície um edifício curvo, o Memorial, oposto a uma torre de mais de cem metros de altura - Monumento ao Cinqüentenário. O projeto foi rejeitado apesar do anúncio de que o governo local teria se disposto a construí-lo. Entre outras razões, a rejeição ocorreu sob o argumento de que o Monumento iria interferir na paisagem tombada, em especial na vista do Congresso Nacional para aquelas pessoas que estivessem na Plataforma da Rodoviária, ou outro local situado nas cotas acima.
Curiosamente tornaram-se rotineiras as construções na Esplanada para receber diferentes eventos. Quem passa por lá percebe que no espaço onde o arquiteto Oscar Niemeyer propôs aquele monumento há sempre algo construído. Ora para um show, uma manifestação, uma exposição etc.
Recentemente aquele espaço foi ocupado por várias barracas de plástico branco, algumas baixas, outras mais altas, circulares, retangulares, enfim, de varias formas. Em frente à Catedral vê-se um palco de formato retangular e à sua volta postes de concreto com luminária que em nada combinam com o local. Em redor destas construções os gramados foram transformados em pistas e estacionamentos e estão totalmente danificados.
Espera-se que os gramados e as calçadas sejam recuperados, mas ao colocar ali os veículos, atitude que vem sendo sempre evitada, causa a preocupação de que isso possa se tornar um hábito e que os condutores se sintam encorajados a transformar a Esplanada em um grande estacionamento a céu aberto. Seria o fim daquela área gramada, monumental, que compõe o conjunto formado pela vias, os edifícios e o gramado central.
Permitiu-se que a Esplanada fosse transformada em Feira Permanente, com sucessivos eventos, que são substituídos imediatamente por outros. Por esta razão pode-se dizer que a paisagem foi comprometida no ano em curso. Impossível fazer uma foto do Congresso sem que aquelas barracas não estejam presentes. Também tornou-se impossível ver o gramado central composto, pois sempre está ocupado ou em recuperação.
Estas exposições e eventos, embora bem vindos, poderiam ficar entre o Teatro Nacional e o Ministério da Indústria e Comércio. Aquele espaço, uma vez nivelado, tem área suficiente para receber os eventos que têm ocorrido nas proximidades. Sua localização tem as mesmas qualidades das áreas que vem sendo utilizadas com a virtude de não interferir na paisagem ou nos equipamentos da Esplanada.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Está terminando a temporada de cantoria das cigarras
Esta semana as cigarras cantaram com toda força! Até parece que estão se despedindo de sua temporada de cantoria. Quando vieram as primeiras chuvas elas pareciam tímidas. Algumas aqui, outras ali. Agora é aquele contínuo siiiiii siiiiiiiii siiiiiiii, canto sincronizado, que se inicia com o vibrar de uma delas e que vai se encorpando com a adesão de outras até que soem uníssonas, ritmadas, em intervalos regulares.
A história mais conhecida da cigarra é aquela contada pelo fabulista francês, La Fontaine, em que ela é uma cantora preguiçosa, que no inverno iria morrer de frio por não acumular alimentos no verão. Diz a fábula que por não trabalhar e viver a cantar ela dependeria da generosidade da amiga formiga para não morrer de fome e frio.
A verdade é que a cigarra nasce nas folhas das árvores, resultado do ovo posto pela mãe, certamente depois de um festival de cantoria e muita "azaração". E se enterra no solo, ainda larva. Ela desce até encontrar uma raiz apetitosa, isto é, com seiva suficiente para alimentá-la durante toda sua vida subterrânea. Nesta fase ela mede apenas 2,2 milímetros, mas com as patas dianteiras ela cava a terra, comprime parte do solo contra o peito e constrói uma galeria vertical onde ela viverá até perto da fase adulta, que se completa quando sai do solo.
Já no solo, depois de um tempo ela troca sua pele ou casca (exoesqueleto). Isto acontece quando ela alcançar aproximadamente 4 milímetros. Aquela roupa já não a cabe mais. Começa aí o seu segundo instar, período entre as trocas de cascas. Ela a troca novamente quando chegar a 8 milímetros de comprimento. A terceira troca ocorre com 15 milímetros, a quarta com 25 milímetros. Nesta fase ela adquire a cor amarelada.
Então a cigarra sobe para o tronco da árvore. Isto depois de 4 a 14 anos vivendo nas galerias semelhante às formigas cupins e outros insetos. O período de vida no subsolo varia de uma espécie para outra. Ao subir ela toma a cor escura característica e terá asas transparentes que permitirão seu deslocamento de uma árvore para outra.
Lá irá “cantar” fazendo vibrar partes de seu exoesqueleto abdominal. Seu som pode alcançar 120 decibéis e pode ser agudo o suficiente para não ser ouvido por humanos. Os cães que podem ouvir sons mais agudos se incomodam com aquele canto quando este excede aos limites do conforto.
Quem canta é o macho. Canta para acasalar. Essa fase da vida adulta das cigarras dura de dois a três meses. Eles acasalam, as fêmeas põem os ovos e as cigarras adultas, machos e fêmeas, morrem. Daí surge mais uma lenda. Segundo o entendimento corrente as cigarras cantam até estourar e morrer. Na verdade aquela casca é a ultima troca de “roupa”, o passaporte para a vida adulta.
Os insetos sempre foram vistos como inoportunos, indesejáveis ou desnecessários. Todavia, cada vez mais, desenvolve-se a consciência de que todos os seres vivos fazem parte do mesmo ecossistema e que, ainda que não saibamos qual, cada um tem uma função definida no conjunto de seres que habitam a terra.
A cigarra não é preguiçosa, não estoura de cantar e tem uma função de, para alguns, anunciar firmemente a primavera. Longe de querer incomodar, a cigarra canta para alegrar a natureza. Ela vibra para conceber uma nova geração da sua espécie. Viva a cigarra! Viva a natureza!
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009
A Lei, a Água, o Hidrômetro e o Meio Ambiente
Estávamos todos, no Distrito Federal, premidos pelo prazo de individualização dos hidrômetros nas edificações verticais residenciais, nas de uso misto e nos condomínios residenciais do DF. O prazo espiraria em 2010. Para aqueles que deixaram para a última hora restou o desespero de buscar empresas especializadas em elaborar os projetos e aquelas aptas a empreender as obras.
Muitos administradores de edifícios, com hidrômetros não individualizados, vinham alegando que a proximidade do prazo final estava elevando os preços e em alguns casos seria tão onerosa a individualização que dificilmente o investimento seria recuperado. Em alguns casos alega-se que o prédio sofreria intervenções radicais, inviáveis.
Com a edição da Lei Nº 4.383, DE 28 DE JULHO DE 2009 aquele prazo foi estendido para 2015. A nova lei permite que os edifícios em que seja comprovadamente inviável a instalação de hidrômetros individuais, do ponto de vista técnico ou econômico, que o condomínio encaminhe à Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal - ADASA/DF, uma justificativa da sua inviabilidade ficando assim desobrigada da individualização.
O custo de individualização não é pequeno. Muitas vezes o edifício está construído de tal forma que se torna muito difícil proceder àquelas modificações. É o caso dos prédios que utilizam válvula de descarga e/ou que têm aquecimento centralizado. Isso pode levar à substituição do revestimento dos compartimentos e àquele quebra-quebra indesejável, com a presença de pessoas estranhas no apartamento por prazo maior que suportável.
A individualização é decorrência da preocupação com o consumo de água e suas repercussões sobre o meio ambiente. A oferta de água, além da necessidade da sua existência em abundância nas proximidades das áreas de consumo, implica na utilização de muita energia. A Caesb está entre os grandes consumidores do DF.
O alto consumo implica também na transposição de grandes volumes de água de uma bacia para outra. A bacia tributaria tem reduzida sua vazão e com prejuízo para a flora, a fauna e para os humanos que porventura vivam a jusante da barragem de captação. Por outro lado, maior utilização de água resulta em maior volume de esgotos a tratar. Reduzir o consumo é reduzir o tamanho e o número de estações de tratamento a serem construídas.
A verdade é que a cada dia percebe-se uma maior consciência e responsabilidade com as questões ambientais. Muitas são as edificações que procuram reaproveitar as águas de chuveiro para a utilização nas descargas sanitárias. Muitas também utilizam as águas da chuva para tarefas menos nobres como lavar pisos, automóveis e também para descarga sanitária.
O projeto do Noroeste contempla a solução de lançar em poços as águas de áreas impermeabilizadas de modo a evitar um fluxo de enxurrada maior que o costumeiro. Entende-se que as águas de superfície não absorvidas pelo solo aumentaria momentaneamente o volume de águas lançadas nos riachos e lagos e carregam para eles todo tipo de sólidos soltos na superfície do solo provocando o assoreamento e a poluição dos riachos. A natureza agradece.
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Chuva precoce não engana cigarra, mas melhora o clima
Este ano as chuvas chegaram mais cedo. E chegaram pesadas. Intensas. As precipitações em agosto chegaram a 72,5 mm. O único ano, desde a inauguração, que teve precipitação em agosto maior que 2009 foi o de 1984, com 93,3 mm acumulados. Nos demais não ocorreu nada parecido. Normalmente as chuvas são significativas em outubro. Em agosto é aquela chuvinha esporádica, bem mais para o final do mês, ainda correndo o risco de nem sempre acontecer porque o mês de agosto, em Brasília é um mês de seca. A média das precipitações atmosféricas nos meses de agosto apuradas, de 1961 até 2008, foi de apenas 13 mm. Muito pouco. Dados estatísticos apuraram que dos 49 anos de Brasília, 22 anos não contaram com uma única gota de chuva na cidade no mes de agosto. Zero mm de precipitação, portanto. Em outros oito anos choveu nos meses de agosto abaixo da média de 13 mm.
A umidade relativa na última sexta-feira de julho estava em 12%, indicando pouca ou nenhuma perspectiva de chuva. Foi uma semana de alerta, pois a umidade relativa do ar oscilou entre 12 e 14%. Níveis limite para a saúde de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS. Os comentários em 31 de julho não eram nada otimistas com relação a chuvas em agosto.
Mas a chuva antecipou a primavera. A paisagem mudou, os gramados ficaram imediatamente verdes. As arvores recobraram suas folhas, especialmente os ipês, caducifólios, em que brotaram folhas de um verde claro e intenso. Mas a antecipação das chuvas não mobilizou a todos. Ainda que a terra tenha ficado úmida e macia em agosto, desconfiadas, as cigarras só apareceram depois da entrada oficial da primavera. Mesmo assim, ainda estão tímidas.
A falta de chuvas e a baixa umidade incomodavam muito o ex-governador José Aparecido. Ele chegou a promover estudos para utilização de aviões que pulverizariam as nuvens com iodeto de prata e fariam chover durante o período de mais baixa umidade. Ele havia tomado conhecimento de experiências no nordeste do Brasil. Contudo, a técnica era pouco conhecida.
Hoje o seu propósito seria exeqüível. Um grupo de pesquisadores composto por Taqueshi Imai (engenheiro mecânico e mestrando em física da atmosfera), Inácio Malmonge Martins (doutor em física e professor do Ita e da Universidade de Taubaté), Majory Imai (administradora de empresas) e Ricardo Imai (estudante de engenharia), criaram uma empresa com o propósito de fazer chover, literalmente.
Eles utilizam a técnica de semear “gotas coletoras” de água pura de tamanho controlado que aglutinam as gotículas de nuvem num processo de colisão e coalescência formando gotas de chuvas. As nuvens crescem rapidamente com aumento significativo das precipitações no local de operação do avião (revista Scientific American, setembro 2009 p. 74-79).
Esses pesquisadores têm prestado serviço para a Sabesp provocando chuvas sobre o sistema Cantareira que abastece São Paulo. Eles comprovaram que as Regiões Centro-Oeste e Nordeste possuem nuvens adequadas para semeadura em períodos cíclicos, ou seja, poderíamos ter chuva induzidas em Brasília reduzindo o período de seca e amenizando as condições climáticas.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009
“VEM PRÁ VIDA VEM VIVER”
A cada dia aumenta a consciência da necessidade de inclusão de uma parcela significativa da população: aqueles que são portadores de necessidades especiais. Os editais de concurso público, por exemplo, reservam-lhes uma parcela das vagas. As Universidades Federais também destinam parte das vagas nos cursos para garantir sua inclusão social. As empresas são obrigadas a contratar parte de seus trabalhadores entre aqueles que até um tempo atrás eram preteridos.
Há um esforço da sociedade para que essa parcela da população que soma aproximadamente dez por cento do total, tenha oportunidade de se realizar como pessoa e contribuir para o desenvolvimento do país como qualquer outro cidadão. Entretanto, ainda são identificadas algumas áreas que teimam em não se adaptarem para facilitar a vida destas pessoas. Um dos casos é o transporte público em que os veículos não são adaptados para permitir o acesso de pessoas com dificuldade de locomoção.
O governo atual do DF divulgou que dez por cento da frota de ônibus seria adaptada para permitir o acesso dos portadores de necessidades especiais. Convenhamos que este percentual citado representa quase nada para o universo existente nesta qualificação. É difícil para as pessoas que se movem sem dificuldade chegar ao trabalho, à escola ou ao lazer utilizando o transporte público. O metrô e os ônibus rodam abarrotados e, em geral, esses últimos não têm regularidade. Imaginemos uma pessoa em cadeira de rodas tentando chegar ao trabalho e tendo que esperar que passe um ônibus com o mecanismo de acessibilidade. Essa pessoa dificilmente chegará a tempo no trabalho, na escola ou em alguma outra atividade.
A dificuldade se repete quando essa pessoa tenta circular pela cidade. São barreiras de toda ordem: falta de rampas, escadas construídas nas calçadas, excessos de mobiliário público. Placas, lixeiras, postes, avisos, etc, concorrem com o usuário das calçadas. Quando esse usuário adentra a uma loja, restaurante, escola, academia, casa de espetáculo ele se depara com a total inadequação para sua mobilidade naquele ambiente. Variações de pisos, escadas, espaços exíguos de circulação e anteparos de difícil superação. Os banheiros dependem sempre de escada.
Como se vê nem tudo é indiferença. Há pessoas que se importam e se mobilizam para apoiar e ajudar a superar essas limitações. É o caso da organização “VEM PRA VIDA VEM VIVER” de iniciativa de Ronald de Carvalho. Ela tem por objetivo proporcionar diversão e entretenimento às pessoas com deficiência. A proposta é permitir seu acesso a bares, restaurantes, cinemas, boates, teatros e casas de shows. A proposta é simples como toda boa idéia. Os proprietários de estabelecimentos serão convidados a adequar seus espaços e atendimentos para facilitar o acesso, além de divulgar essa acessibilidade no site www.vempravidavemviver.com.br. O site será inaugurado no próximo 1º de outubro e pretende divulgar esses estabelecimentos entre as pessoas com necessidades especiais. Considero a iniciativa da maior importância para Brasília, um sinal de evolução nas relações entre seus moradores.
Agradeço a Lina e Natacha, duas empenhadas no assunto, pela informação.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O lixão e as condições de vida de nossos intocáveis
Foto Christian Tragni
Fotos publicadas nos últimos dias mostraram homens, mulheres e até crianças trabalhando no lixão da Estrutural. As fotos causaram repugnância e desconforto pela insalubridade e pela degradante condição de trabalho daquelas pessoas. Tudo tão próximo do centro do poder.
Reações diversas foram captadas. Os moradores das cercanias viram naquela aglomeração uma oportunidade de fazer algum dinheiro com o comércio de alimentos para os catadores de material reciclável. Mas a população, em geral, sente-se impossibilitada de intervir neste processo e o vê como uma responsabilidade do poder público, a quem cabe manter as cidades saneadas, promovendo a coleta e a disposição final dos resíduos sólidos.
Muito pouco se tem feito a respeito da melhoria dos processos de coleta e disposição final. Ainda dependemos de caminhões que passam com certa regularidade, coletam os resíduos e os lançam em áreas distantes dos centros urbanos e de preferência de difícil acesso. Longe dos olhos das pessoas.
O lixo tomou importância econômica pelo alto índice de reciclagem alcançado pelo país. É penoso reconhecer que esses ganhos econômicos se fazem a custa de trabalho subumano a que são submetidas estas populações que à falta de outras oportunidades se vêm obrigadas a trabalhar em tais condições para obter o seu sustento.
Brasília já empreendeu algumas tentativas de tratar o lixo de forma a reduzir o seu manuseio. Os primeiros prédios eram dotados de dutos interligados a alçapões em cada apartamento. Estes alçapões permitiam o lançamento direto do lixo a partir do apartamento, o qual caia diretamente no compartimento a ele destinado no térreo.
O impacto dos sacos na lixeira do térreo e o lançamento de alimentos sem acondicionamento correto transformavam aqueles dutos em depósito de alimentos para insetos e roedores. Isso levou ao abandono daquele modo de construir e ao fechamento dos alçapões nos prédios antigos que os continham.
A primeira usina de tratamento construída ali na Avenida das Nações tinha uma rampa lançadora dos sólidos. Esta rampa deveria lançar mais longe os materiais de maior densidade, como o ferro e outros metais, um pouco menos longe o vidro e assim separaria os resíduos permitindo o seu uso em reciclagem. O processo não era tão eficiente e na próxima estação de tratamento construída na Ceilândia não havia nada parecido. Tudo é lançado em uma vala de concreto e depois içado por uma grua que leva os resíduos a esteiras onde se dá a separação dos materiais recicláveis. Há um intensivo contato com os resíduos e a usina tem reduzida capacidade de processamento.
Sobram então os lixões com a degradação das pessoas e do meio ambiente! Mas o que resta além da indignação da população com as condições de trabalho dessas pessoas?
Não custa repetir que a população de Brasília, quando quer e tem apoio do poder público pode fazer muito - vide o caso das faixas de pedestres. Neste caso pode-se praticamente retirar todos aqueles que trabalham no lixão e dar-lhes a possibilidade de trabalhar condignamente. O acondicionamento do lixo residencial, dos escritórios, do comércio e da indústria em recipientes separados: papéis, metais, plásticos, vidros, químicos e orgânicos permitiria que aqueles que trabalham no lixão o recolhessem sem necessidades de se lançarem nos containeres ou que os esperassem no lixão para os separar.
A coleta seletiva é uma promessa sempre adiada. Ela poderá redimir aqueles compatriotas e reduzir a agressão ao meio ambiente.
Fotos publicadas nos últimos dias mostraram homens, mulheres e até crianças trabalhando no lixão da Estrutural. As fotos causaram repugnância e desconforto pela insalubridade e pela degradante condição de trabalho daquelas pessoas. Tudo tão próximo do centro do poder.
Reações diversas foram captadas. Os moradores das cercanias viram naquela aglomeração uma oportunidade de fazer algum dinheiro com o comércio de alimentos para os catadores de material reciclável. Mas a população, em geral, sente-se impossibilitada de intervir neste processo e o vê como uma responsabilidade do poder público, a quem cabe manter as cidades saneadas, promovendo a coleta e a disposição final dos resíduos sólidos.
Muito pouco se tem feito a respeito da melhoria dos processos de coleta e disposição final. Ainda dependemos de caminhões que passam com certa regularidade, coletam os resíduos e os lançam em áreas distantes dos centros urbanos e de preferência de difícil acesso. Longe dos olhos das pessoas.
O lixo tomou importância econômica pelo alto índice de reciclagem alcançado pelo país. É penoso reconhecer que esses ganhos econômicos se fazem a custa de trabalho subumano a que são submetidas estas populações que à falta de outras oportunidades se vêm obrigadas a trabalhar em tais condições para obter o seu sustento.
Brasília já empreendeu algumas tentativas de tratar o lixo de forma a reduzir o seu manuseio. Os primeiros prédios eram dotados de dutos interligados a alçapões em cada apartamento. Estes alçapões permitiam o lançamento direto do lixo a partir do apartamento, o qual caia diretamente no compartimento a ele destinado no térreo.
O impacto dos sacos na lixeira do térreo e o lançamento de alimentos sem acondicionamento correto transformavam aqueles dutos em depósito de alimentos para insetos e roedores. Isso levou ao abandono daquele modo de construir e ao fechamento dos alçapões nos prédios antigos que os continham.
A primeira usina de tratamento construída ali na Avenida das Nações tinha uma rampa lançadora dos sólidos. Esta rampa deveria lançar mais longe os materiais de maior densidade, como o ferro e outros metais, um pouco menos longe o vidro e assim separaria os resíduos permitindo o seu uso em reciclagem. O processo não era tão eficiente e na próxima estação de tratamento construída na Ceilândia não havia nada parecido. Tudo é lançado em uma vala de concreto e depois içado por uma grua que leva os resíduos a esteiras onde se dá a separação dos materiais recicláveis. Há um intensivo contato com os resíduos e a usina tem reduzida capacidade de processamento.
Sobram então os lixões com a degradação das pessoas e do meio ambiente! Mas o que resta além da indignação da população com as condições de trabalho dessas pessoas?
Não custa repetir que a população de Brasília, quando quer e tem apoio do poder público pode fazer muito - vide o caso das faixas de pedestres. Neste caso pode-se praticamente retirar todos aqueles que trabalham no lixão e dar-lhes a possibilidade de trabalhar condignamente. O acondicionamento do lixo residencial, dos escritórios, do comércio e da indústria em recipientes separados: papéis, metais, plásticos, vidros, químicos e orgânicos permitiria que aqueles que trabalham no lixão o recolhessem sem necessidades de se lançarem nos containeres ou que os esperassem no lixão para os separar.
A coleta seletiva é uma promessa sempre adiada. Ela poderá redimir aqueles compatriotas e reduzir a agressão ao meio ambiente.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
É hora de rever a sinalização urbana de Brasília
Foto Mouna Moura
Quem se dirige ao aeroporto de Brasília, pelo eixo rodoviário Sul, vê duas “placas” de cores singulares, próximo ao viaduto localizado no cruzamento daquela via com a Avenida das Nações. Elas alertam para a altura máxima permitida aos veículos. Essas placas estão suportadas por postes feitos com pontaletes. Tem-se a impressão que podem cair a qualquer momento pela ação do vento ou outro agente, dada a sua fragilidade. Embora seja preocupante a circulação de veículos com mais de 4,40 metros, há a preocupação com os demais veículos que trafegam. Elas diferem da sinalização na cor, forma, tipologia do texto e localização, o que, por certo, põe em dúvida sua credibilidade enquanto sinalização. Esse caso é emblemático da situação geral da sinalização urbana do Distrito Federal. Cada um sinaliza onde e como quer.
O projeto da sinalização da cidade foi elaborado e implantada na década de 70, portanto, há quarenta anos. O que na época era inovador hoje se apresenta desatualizado, depredado e ausente em toda a área urbana.
A sinalização indicativa, locativa e direcional toma maior relevância no Distrito Federal dada sua condição diferenciada de endereçamento e de morfologia. Os próprios moradores da cidade têm dificuldade em se orientar. Os visitantes ficam, na maior parte das vezes, totalmente perdidos. Some-se a isto a quase total ausência de sinalização em diversas áreas. Nas cidades satélites há precariedade na sinalização indicativa dos setores, quadras e conjuntos.
Quem vai a São Paulo de carro, ainda que não conheça a cidade é capaz de lá dirigir com facilidade em razão da eficiente sinalização disponível. Recentemente o prefeito de São Paulo fez retirar toda a poluição visual causada pela propaganda deixando a cidade com aspecto de limpeza e facilitando a visualização da sinalização urbana.
A revisão do antigo projeto de sinalização urbana de Brasília seria de grande valia para todos, habitantes e turistas. A renovação da sinalização e de orientação urbana se enquadra nos objetivos de valorização e melhoria das condições de funcionamento dos espaços coletivos, constituindo assim uma importante componente dos programas de estruturação urbanística.
As soluções para a sinalização urbana poderiam priorizar, entre outros os seguintes itens:
- reforço dos sistemas espaciais e funcionais existentes, como a rede de equipamentos e os sistemas de espaços coletivos; - soluções simples, facilmente apreensíveis, e, simultaneamente, de qualidade relevante, que permitam a leitura global do sistema funcional, e a leitura seqüencial dos seus principais componentes. - soluções com capacidade significante que permitam a construção de "fatores de memória", nomeadamente no que respeita à "forma" da rede urbana, estrutura do aglomerado e localização de cada uma das suas "partes" constitutivas. - privilegiar a trafego de pedestres, entre outros aspectos igualmente relevantes.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Eterna primavera
Fala-se muito do patrimônio arquitetônico e urbanístico de Brasília. Em muitas cidades existem obras modernas ou antigas de qualidade, conjuntos de razoável extensão, mas nenhum deles tão amplos como Brasília. A quantidade e a qualidade das edificações e o conjunto por elas formado dão à cidade a condição de obra única.
Há outro patrimônio de importância, principalmente para os que aqui residem. Trata-se da vegetação composta por árvores de diversos tamanhos, idades, cores, origens e que nos fornecem sombra, frutos e flores durante o ano. Dificilmente alguém dirá que as árvores não são necessárias ou descartáveis.
É bem verdade que temos perdido parte significativa desta biomassa. A Avenida W3 Sul é uma das mais prejudicadas. Em vários trechos as árvores foram arrancadas e não há vestígio de que tenham sido substituídas. Dentro das quadras elas são removidas furtivamente e nada é reposto. Na SCLN 306, ao lado do bloco B vários fícus foram derrubados para construção de uma rampa de acesso a um mercado. As árvores sobre as estações do metrô na Asa Sul foram removidas e nada foi replantado, apesar das enfáticas promessas de que isso seria feito. É tempo de começar a repor esse patrimônio perdido!
Chamo a atenção para a temporada das flores que se inicia com as Paineiras. As Paineiras começam a colorir a cidade em março, algumas até antes, e vão até maio. Há vários pontos de concentração e é deslumbrante vê-las todas tomadas pelas flores de cor rosa. Logo após é a vez do Ipê Roxo. Seu período é curto e vai de junho a agosto. O período das flores dos Ipês se estende por um largo período: logo após o Ipê Roxo vem o Ipê Amarelo que floresce a partir do final de junho até setembro, seguido do Ipê Branco, e depois do Ipê Rosa que termina a temporada a partir do final de julho ate os fins de setembro. Os ipês têm significativa presença no Eixo Rodoviário, tanto norte quanto sul, a exceção dos brancos que ficam escondidinhos na pista rebaixada que liga a L2 Norte a L2 Sul, ao lado da Catedral. Poucos se dão conta de sua florada.
Ao final do ano temos a exuberância dos flamboyants com o seu vermelho vivo. Os flamboyants ocorrem de forma esparsa e têm uma significativa concentração nas quadras 700 da Asa Sul. São dignos de nota os guapuruvus, as cássias e tantas outras espécies de árvores nativas que oferecem flores de texturas, cores e formas de rara beleza.
A floração das cerejeiras é cultuada no Japão e atrai a atenção de todo o mundo. Nós temos arvores ornamentais em condições de oferecer uma cidade inteira florida durante todo o ano. Bastaria identificar as espécies pela ordem de florada e distribuí-las de forma heterogênea, adensando a vegetação existente e compondo com suas cores e formas, quadros de beleza incomum em um jardim permanentemente florido.
O Plano Diretor de Arborização de Brasília poderia ser revisto de modo a nos dar esse presente que iria encantar a todos. Uma cidade assim, florida, teria apelo turístico para ser visitada por admiradores do mundo inteiro! E nós viveríamos numa eterna primavera!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Transferência ou descentralização
A assinatura do contrato para construção de um novo centro administrativo do Distrito Federal em Taguatinga foi anunciada como fonte de polêmica junto à opinião pública e até mesmo cautela por parte do governo. A obra seria construída, pela iniciativa privada, com recursos de financiamento governamental e administrada por um consórcio de empresas por vinte anos.
As PPPs
As parcerias públicas privadas – PPP teriam por objetivo antecipar a execução de obras que não caberiam no orçamento governamental e propiciar a prestação dos serviços a população em curto prazo, garantindo ás empresas o retorno do investimento em longo prazo. Na pratica essas parcerias têm ocorrido sempre com financiamento de algum banco oficial e com aval do governo local. A iniciativa privada entra com a cara e fica com os lucros.
A conveniência de transferir para Taguatinga
A transferência da sede do governo para Taguatinga pressupõe que todos os serviços do governo local se concentrarão em Taguatinga, junto da rodoviária. Isso implicaria em desmobilizar as edificações localizadas na Praça do Buriti. Trata-se de mudança significativa no plano original da cidade que prevê ali o nível local de governo, em contraponto com o nível federal localizado na praça dos três poderes. O argumento de levar para a área populosa para facilitar o acesso não é tão seguro. Os acessos a Taguatinga já estão congestionados, mesmo em horários de contra fluxo de trafego seria um acesso difícil para quem lá quiser chegar. A centralização em qualquer lugar implicará em grandes deslocamentos.
A questão da concentração
O Governo do Distrito Federal, quando foi estruturado, previa que às secretarias caberia a normatização da ação governamental, a elaboração de políticas, e o acompanhamento e fiscalização da ação governamental. A implementação da ação governamental ficaria a cargo das unidades descentralizadas que o fariam em obediência as normas e diretrizes emanadas do governo central, a exemplo do que ocorre com o sistema de saúde com um a secretaria, vários hospitais e postos de saúde que atendem a população. O fato de a Secretaria de saúde estar aqui ou ali não muda a política de atendimento.
O modelo adequado
O melhor modelo, de menor custo e menor comprometimento para o futuro seria completar o centro administrativo da Praça do Buriti, colocando ali os órgãos normativos de governo e dar a cada cidade satélite a condições adequadas de atendimento a suas necessidades o mais próximo possível de suas moradias, reduzindo deslocamentos desnecessários e onerosos.
Nova sede de centro administrativo gera polêmica
Ana Maria Campos
Publicação: 02/05/2009 09:15
Um dos itens do plano de campanha do atual governo, a construção do novo complexo administrativo, em Taguatinga, desperta controvérsias na equipe do governador José Roberto Arruda (DEM). A suspensão do empreendimento chegou a ser anunciada, como forma de cortar custos e evitar o início de grandes obras num momento de crise financeira. Sem festa ou solenidades, o contrato, no entanto, foi assinado com o Consórcio do Centro Administrativo do Distrito Federal (Centrad), integrado pelas construtoras Odebrecht e Via Engenharia. O extrato da Parceria Público-Privada foi publicado no Diário Oficial do DF no dia 16 de abril.
Aconselhado por assessores diretos, Arruda chegou a pensar em adiar o projeto. A concessão, no entanto, foi feita com o aval do secretário de Obras, Márcio Machado, e do presidente da Terracap, Antônio Gomes, sob a orientação do governador. O presidente da Codeplan, Rogério Rosso, um dos maiores entusiastas da ideia, defende o projeto como forma de geração de empregos e economia dos gastos públicos. O contrato prevê uma parceria de 22 anos de duração.
O consórcio vencedor da licitação feita pelo GDF tem como obrigação construir todo o complexo com 178 mil metros quadrados, que inclui 10 prédios de quatro pavimentos e três com 15 andares, além de um centro de convenções e o palácio do governador. Em contrapartida, o Centrad receberá um aluguel mensal que cobrirá as despesas com serviços de manutenção, vigilância e limpeza do complexo.
Pelas contas de Rosso, o GDF terá uma economia mensal de quase R$ 10 milhões, já que hoje gasta cerca de R$ 15,7 milhões com os serviços terceirizados para conservação dos prédios e passará a desembolsar R$ 5 milhões para a concessionária do Centro Administrativo. “A PPP representa uma excelente economia para o governo e deveria ser reforçada neste momento de crise, como forma de cortar despesas, e não suspensa”, analisa Rosso.
Um dos principais críticos do projeto é o vice-governador Paulo Octávio (DEM), secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do GDF. Para ele, a transferência da sede do governo local para a região de Taguatinga e Ceilândia fere a concepção original de Brasília. “JK idealizou Brasília com a sede do poder local na região central”, explica Paulo Octávio. Segundo o vice-governador, a PPP é inoportuna, principalmente agora que a sede da Câmara Legislativa está sendo finalizada, no Eixo Monumental. “Perderemos a oportunidade de ver os três poderes reunidos no mesmo triângulo”, afirma.
Segundo Paulo Octávio, os moradores das regiões de Planaltina e Sobradinho, por exemplo, terão dificuldade para se dirigir ao novo complexo, que será erguido próximo ao estádio Serejão, em Taguatinga. “Defendo a manutenção da sede onde hoje funciona o Palácio do Buriti e a construção de um novo anexo, além de um estacionamento para 5 mil carros”, explica. O secretário de Planejamento, Ricardo Penna, disse que a conclusão do novo complexo administrativo não está entre as prioridades do governador José Roberto Arruda. “O governo tem uma série de prioridades e deve se concentrar nessas metas, sob o risco de ter de responder por uma grande obra inconclusa durante o processo eleitoral”, analisa Penna.
Licença ambientalAntes de iniciar a obra com orçamento previsto de R$ 420 milhões, o Consórcio do Centro Administrativo do Distrito Federal precisa vencer algumas etapas. Entre as exigências está a liberação da licença de instalação por parte do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Outro obstáculo é a obtenção de um financiamento bancário para investimento no grande empreendimento. O consórcio busca uma ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O assunto foi tratado pelo governador José Roberto Arruda com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, há dois meses. O presidente da Codeplan, Rogério Rosso, também participou da reunião. Na fase atual, o GDF também precisa levantar e apresentar ao consórcio as garantias que serão dadas para os casos de inadimplência, ou seja, se houve alguma dificuldade para pagamento dos aluguéis mensais. Entre as garantias que deverão ser dadas estão projeções da Terracap e recebíveis — créditos que a empresa têm pela venda de imóveis em licitações. Caso decida quebrar o acordo firmado com o Centrad, o GDF terá de pagar multa e indenizações, de acordo com a fase em que estiver a obra, segundo prevê uma das cláusulas do contrato de concessão.
Extrato Contrato CENTRAD
PPP
Fase I -
R$ 47.861.301,60
Prazo de Execução 12 meses
Fase II
R$ 3.047.520.000,00
Prazo de execução
240 meses
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Minha Casa Minha Vida
Juscelino Kubitscheck construiu Brasília com o propósito de interiorizar a população brasileira. E funcionou. Naquele imenso deserto no Planalto Central, emergiu não só a Capital Federal e seu Entorno, mas também um sem número de cidades que foram criadas ou se desenvolveram a partir da atração que Brasília exerceu nestes últimos cinqüenta anos.
Quem casa quer casa.
Os que vieram para Brasília, em especial os trabalhadores braçais, pequenos comerciantes e outros prestadores de serviços, enfrentaram e ainda enfrentam a questão da habitação. A oferta aquém da demanda explica os altos aluguéis e os elevados preços dos imóveis e dificulta a aquisição da casa própria, um bem de primeira necessidade.
Não é só aqui.
O Governo Federal nos informa que o déficit de habitação excede a 7 milhões de unidades em todo o país. A oferta de 1 milhão de unidades pelo Programa - Minha Casa Minha Vida - chega a ser modesto diante da realidade, mas é gigantesco diante dos recursos demandados. E não é só o custo das casas. Em muitas localidades as áreas disponíveis não dispõem de infra-estrutura, o que demandará mais recursos. Tarefa para mais de um governo, responsabilidade de toda a sociedade.
Mais vale uma esperança tardia que um desengano cedo.
Muitos não serão atendidos mesmo se o programa for um sucesso. Ainda que todas as unidades do programa sejam construídas, menos de 15% das famílias receberão suas casas. O programa está voltado para as regiões metropolitanas e para cidades de mais de 100 mil habitantes preferencialmente. Em condições especiais poderá atender cidades com mais de 50 mil habitantes.
Fluxo migratório.
Sempre que há uma oferta de moradia uma parcela da sociedade argumenta que a sua distribuição aumenta a migração para Brasília. Estudos mostram que a afirmação é parcialmente correta. Muitos para cá vieram em busca de moradia. Por outro lado, estudos também mostram que o programa Bolsa Família contribuiu para fixação de famílias no interior. A oferta de moradia, saneamento, educação e trabalho em pequenas comunidades reduziria o processo de concentração das populações nas grandes metrópoles. Os que aqui vêm o fazem em busca de oportunidades, de educação para os filhos e de melhores condições de vida. Caso houvesse esses benefícios em sua cidade natal, eles iriam preferir viver numa pequena cidade onde o crime não tem a mesma intensidade, o transporte não é tão necessário e o custo de vida é menor. Urbanizar o interior é o remédio para conter o fluxo migratório.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Estacionamento Privatizado em Área Pública é Privilégio
O puxadinho é a praga que corrói o tombamento. Tijolinho aqui, telhinha ali, uma gradezinha acolá e assim a cidade vai se descaracterizando e perdendo a unidade original decorrente do projeto de Lúcio Costa.
Mas há outro tipo de puxadinho. São os estacionamentos “privativos”. Em geral eles estão associados a setores do governo. Os exemplos são numerosos. Ali junto aos Anexos do Senado as vias foram fechadas e transformadas em estacionamento privativo. Junto ao Parque da cidade, no Setor de Rádio e TV Sul, uma parte do estacionamento foi fechada com alambrado e transformada em estacionamento privado de um órgão da Justiça.
Mas não são só os estacionamentos lindeiros aos prédios governamentais que estão sujeitos a estas práticas. O Setor Hospitalar Local Sul teve todos os estacionamentos privatizados. Quem vai ao Hospital Santa Lúcia ou a qualquer outro ali situado será obrigado a pagar para estacionar. O mesmo acontece com aqueles que vão ao Hotel Nacional. O estacionamento do lado norte foi fechado e privatizado. As vagas da galeria foram atribuídas às lojas e a via que segue da galeria no sentido dos Correios foi bloqueada por uma carreta. Estranha solução, mas a carreta lá permanece como se estivesse em carga ou descarga.
Também nos estacionamentos do aeroporto ocorreu a privatização. Não se trata de uma construção feita especialmente para abrigar os veículos. São áreas públicas, bem de uso comum do povo, que foram tomadas e transformadas em fonte de receita para alguém. Assim como este, há muitos outros casos na cidade.
Em algumas cidades o estacionamento, em áreas específicas e de grande afluência de veículos, fica sujeito ao pagamento como forma de controlar a permanência dos veículos e democratizar a utilização das vagas. Nestes casos a receita é revertida ao governo local que a utiliza para levar benefícios à população. Não é o que ocorre nos casos acima descritos. O propósito é de conforto de um grupo em detrimento do público ou simplesmente de apropriação das áreas com o objetivo de enriquecimento ilícito.
È tempo de devolver a cidade ao uso público. O fechamento de áreas para uso privado, alem dos aspectos acima levantados, em muitos casos impede a livre circulação das pessoas. É uma questão de política pública. Inicialmente bastaria cumprir o plano original e coibir estas apropriações. Em seqüência seria desejável abrir discussão com a sociedade, avaliar a conveniência e disciplinar a questão do fechamento de estacionamentos, preferencialmente evitando o privilegio de quem quer que seja.
Mas há outro tipo de puxadinho. São os estacionamentos “privativos”. Em geral eles estão associados a setores do governo. Os exemplos são numerosos. Ali junto aos Anexos do Senado as vias foram fechadas e transformadas em estacionamento privativo. Junto ao Parque da cidade, no Setor de Rádio e TV Sul, uma parte do estacionamento foi fechada com alambrado e transformada em estacionamento privado de um órgão da Justiça.
Mas não são só os estacionamentos lindeiros aos prédios governamentais que estão sujeitos a estas práticas. O Setor Hospitalar Local Sul teve todos os estacionamentos privatizados. Quem vai ao Hospital Santa Lúcia ou a qualquer outro ali situado será obrigado a pagar para estacionar. O mesmo acontece com aqueles que vão ao Hotel Nacional. O estacionamento do lado norte foi fechado e privatizado. As vagas da galeria foram atribuídas às lojas e a via que segue da galeria no sentido dos Correios foi bloqueada por uma carreta. Estranha solução, mas a carreta lá permanece como se estivesse em carga ou descarga.
Também nos estacionamentos do aeroporto ocorreu a privatização. Não se trata de uma construção feita especialmente para abrigar os veículos. São áreas públicas, bem de uso comum do povo, que foram tomadas e transformadas em fonte de receita para alguém. Assim como este, há muitos outros casos na cidade.
Em algumas cidades o estacionamento, em áreas específicas e de grande afluência de veículos, fica sujeito ao pagamento como forma de controlar a permanência dos veículos e democratizar a utilização das vagas. Nestes casos a receita é revertida ao governo local que a utiliza para levar benefícios à população. Não é o que ocorre nos casos acima descritos. O propósito é de conforto de um grupo em detrimento do público ou simplesmente de apropriação das áreas com o objetivo de enriquecimento ilícito.
È tempo de devolver a cidade ao uso público. O fechamento de áreas para uso privado, alem dos aspectos acima levantados, em muitos casos impede a livre circulação das pessoas. É uma questão de política pública. Inicialmente bastaria cumprir o plano original e coibir estas apropriações. Em seqüência seria desejável abrir discussão com a sociedade, avaliar a conveniência e disciplinar a questão do fechamento de estacionamentos, preferencialmente evitando o privilegio de quem quer que seja.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
O Pedinte: Uma questão de gestão do uso da cidade
- Me dá um bolo.
Eles chegaram buscando o olhar de algum freqüentador. Alguém que se dispusesse a notá-los. O pai, de presumidos vinte anos e o filho de uns dois anos, trazido pela mão. Vestiam camiseta e calção encardidos e de cor indefinida. Apresentavam-se também encardidos. Magros, bem magros, de cara chupada.
- Pode pedir no balcão.
O pai achega-se ao balcão, vê todos aqueles bolos de variados sabores, olha para o filho e escolhe um com cobertura de chocolate branco.
O menino exclama:
- Bolo pai!
Começa o corre-corre dos atendentes, uns para um lado, outros para outro, atarefados. Afinal, aqueles dois cheiram mal. Passam-se vários minutos. Ninguém os atende. Uma cliente se levanta e insiste no pedido. Outro chama uma atendente, que normalmente é solícita e pede que os atenda. Ela se esquiva alegando que está muito ocupada. Novamente aquela cliente insiste, já existe um clima de mal-estar pela cobrança do atendimento. Finalmente eles são atendidos. O bolo é acondicionado em uma embalagem sugerindo que não podem comê-lo ali. O pai recebe, agradece a que se dispôs a pagar, e sai. O mal-estar permanece. A presença de seres de outro mundo quebrou o encanto da confeitaria.
Os restaurantes, as lanchonetes e estabelecimentos congêneres têm por política coibir a presença de pedintes junto às mesas. As pessoas se sentem incomodadas ao serem abordadas por mendigos ou mesmo por vendedores.
Temos ouvido que não se deve dar esmola. O Governo em vários momentos insistiu e continua a fazê-lo. Mas como negar comida a quem tem fome? Por outro lado não se percebe soluções a partir do Estado para atender aqueles que estão em situação de extrema penúria. Políticas são divulgadas, campanhas são difundidas, mas as vias continuam cheias de necessitados.
É verdade que observando alguns deles, especialmente junto aos semáforos, identificamos alguns que estão sempre ali. São profissionais da mendicância. Outros se colocam próximos de farmácias com alguma chaga à mostra ou uma receita médica nas mãos. Voltando ao mesmo local lá os encontramos. Há também aqueles que dizem faltar tantos reais para completar a passagem para voltar a sua casa. \alguns se fazem acompanhar da família para emprestar credibilidade ao pleito. Alguns são alienados ou drogados e moram nas ruas.
A falta de políticas públicas abre espaços para outros tipos de situações embaraçosas. São aquelas em que os pedidores se apresentam como representantes de organizações filantrópicas. Ligam para a casa das pessoas e dizem que têm casos de pessoas abandonadas, operadas ou crianças sem família que precisam de um cobertor, de uma prótese ou de uma cesta básica. Em muitos casos trata-se mesmo de espertalhões tirando proveito da caridade e da boa-fé das pessoas.
São muitos os pedintes. Parte problema social, parte formada por espertalhões. Os dois casos merecem a atenção do governo, seja para amparar, seja para reprimir. Não há solução isolada para tal. Não é caso de ação isolada, é uma questão de gestão do uso da cidade. É caso de políticas públicas claras e conseqüentes. Ai então não precisaríamos dar uma esmola ou um pedaço de bolo para uma criança faminta.
Eles chegaram buscando o olhar de algum freqüentador. Alguém que se dispusesse a notá-los. O pai, de presumidos vinte anos e o filho de uns dois anos, trazido pela mão. Vestiam camiseta e calção encardidos e de cor indefinida. Apresentavam-se também encardidos. Magros, bem magros, de cara chupada.
- Pode pedir no balcão.
O pai achega-se ao balcão, vê todos aqueles bolos de variados sabores, olha para o filho e escolhe um com cobertura de chocolate branco.
O menino exclama:
- Bolo pai!
Começa o corre-corre dos atendentes, uns para um lado, outros para outro, atarefados. Afinal, aqueles dois cheiram mal. Passam-se vários minutos. Ninguém os atende. Uma cliente se levanta e insiste no pedido. Outro chama uma atendente, que normalmente é solícita e pede que os atenda. Ela se esquiva alegando que está muito ocupada. Novamente aquela cliente insiste, já existe um clima de mal-estar pela cobrança do atendimento. Finalmente eles são atendidos. O bolo é acondicionado em uma embalagem sugerindo que não podem comê-lo ali. O pai recebe, agradece a que se dispôs a pagar, e sai. O mal-estar permanece. A presença de seres de outro mundo quebrou o encanto da confeitaria.
Os restaurantes, as lanchonetes e estabelecimentos congêneres têm por política coibir a presença de pedintes junto às mesas. As pessoas se sentem incomodadas ao serem abordadas por mendigos ou mesmo por vendedores.
Temos ouvido que não se deve dar esmola. O Governo em vários momentos insistiu e continua a fazê-lo. Mas como negar comida a quem tem fome? Por outro lado não se percebe soluções a partir do Estado para atender aqueles que estão em situação de extrema penúria. Políticas são divulgadas, campanhas são difundidas, mas as vias continuam cheias de necessitados.
É verdade que observando alguns deles, especialmente junto aos semáforos, identificamos alguns que estão sempre ali. São profissionais da mendicância. Outros se colocam próximos de farmácias com alguma chaga à mostra ou uma receita médica nas mãos. Voltando ao mesmo local lá os encontramos. Há também aqueles que dizem faltar tantos reais para completar a passagem para voltar a sua casa. \alguns se fazem acompanhar da família para emprestar credibilidade ao pleito. Alguns são alienados ou drogados e moram nas ruas.
A falta de políticas públicas abre espaços para outros tipos de situações embaraçosas. São aquelas em que os pedidores se apresentam como representantes de organizações filantrópicas. Ligam para a casa das pessoas e dizem que têm casos de pessoas abandonadas, operadas ou crianças sem família que precisam de um cobertor, de uma prótese ou de uma cesta básica. Em muitos casos trata-se mesmo de espertalhões tirando proveito da caridade e da boa-fé das pessoas.
São muitos os pedintes. Parte problema social, parte formada por espertalhões. Os dois casos merecem a atenção do governo, seja para amparar, seja para reprimir. Não há solução isolada para tal. Não é caso de ação isolada, é uma questão de gestão do uso da cidade. É caso de políticas públicas claras e conseqüentes. Ai então não precisaríamos dar uma esmola ou um pedaço de bolo para uma criança faminta.
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quinta-feira, 26 de março de 2009
Canteiros de Obras: Todo Cuidado é Pouco
O engenheiro chegou à obra e o mestre deu a noticia: “caiu um peão lá do 16º andar e morreu”. O engenheiro perguntou: “onde ele caiu?” O mestre respondeu: “caiu sobre o monte de tijolos”. O engenheiro lamentou: “Poxa, com tanto lugar ele foi cair logo sobre os tijolos que acabaram de chegar!” É conhecida essa história ocorrida na construção do anexo do Congresso Nacional citada à época como o “28” pelo número de pavimentos. O processo da obra era novo, estrutura toda em aço, orgulho da siderúrgica nacional. Os trabalhadores e os engenheiros eram pouco acostumados ao processo construtivo e vez por outra ocorria um acidente.
As técnicas de construção mudaram, mas os canteiros continuam a preocupar. Principalmente agora que se busca a retomada da construção civil. A mídia ocasionalmente veicula notícia em que um operário foi soterrado ou morreu em acidente na construção por queda, por esmagamento, eletrocutado ou pelos inúmeros perigos que a obra impõe.
Os problemas com as construções não se restringem ao seu perímetro. A obra pode lançar poeira, pedaços de materiais diversos, líqüidos e outros nas suas circunvizinhanças pondo em risco as pessoas e o patrimônio, mesmo para aqueles não envolvidos na construção. São as terras das escavações deixadas ao longo das vias por caminhões que as transportam sem acondicionamento correto. Daí a poeira e a lama nas vias. São os caminhões que param nas faixas de rolamento, dificultando o tráfego de pessoas e veículos. As águas servidas lançadas na via, ou o depósito de materiais nas vias etc.
O Código de Edificações do Distrito Federal é pouco detalhado a respeito do canteiro de obras. Ele nivela todas as obras com o mesmo grau de exigência. Seja uma pequena edificação ou um grande edifício as disposições são as mesmas e sempre remetem ao discernimento do licenciador. Não há requisito especifico relacionado à dimensão e complexidade da obra ou quanto sua interação com as demais atividades humanas exercidas no local de construção, vias de intensa movimentação, obra próxima de hospitais e escolas, por exemplo.
A apresentação de projeto de canteiro de obras não é exigido pelo Código de Edificações na lista de documentos para a expedição do Alvará de Construção. Em verdade o Código não dispõe de lista de documentos. Infere-se do disposto na norma que devam ser apresentados os documentos de propriedade do terreno, a regularidade no CREA, os projetos aprovados quando necessário, a cota de soleira, a certidão de alinhamento. O Código trata mais das exceções dos requerimentos para construir.
Os canteiros deveriam prever os locais de carga e descarga dos caminhões evitando a obstrução das vias. Os caminhões deveriam evitar a queda de terra ou outros materiais nas vias. Os fornecedores poderiam preparar as formas, dobrar o aço para o concreto e preparar os materiais de modo que fossem ao canteiro prontos para aplicação. Seria muito proveitoso se as concreteiras fizessem um mutirão para remover das vias o concreto ali lançado por seus caminhões. Seria também desejável que para expedição da carta de habite-se fosse cobrada a recuperação das obras e serviços em área pública danificados durante a execução da obra. Enfim, todo cuidado é pouco para evitar que novos danos venham a ocorrer nas construções fruto de descaso ou negligência.
quinta-feira, 19 de março de 2009
A Cidade e os Portadores de Necessidades Especiais
A adequação das cidades aos portadores de necessidades especiais tem sido tema de constantes discussões, dada a carência de estrutura para este segmento. Em Geral a resposta a essa questão tem se traduzido em vagas nos estacionamentos e rampas nos meios-fios e nos acessos ao piso térreo dos edifícios. Medidas apenas para os cadeirantes e com isso, parece resolvido o problema. A sociedade se dá por satisfeita em achar que assim está resolvida a obrigação para com os semelhantes.
Vejamos como o cadeirante se desloca. Caso não tenha carro ele terá que esperar por inúmeros ônibus da mesma linha, até achar um que lhe atenda, pois somente 10% da frota dispõe do mecanismo de elevação da cadeira até o ônibus. Ele chega ao ponto próximo ao destino e poderá se deparar com a calçada inexistente ou descontínua. Chegando a um edifício e havendo acesso por rampa, suponhamos que ele precise usar o banheiro. Grande drama! Os banheiros, na maioria das vezes ficam no subsolo, na sobreloja ou têm um degrau impossível de ser vencido pela cadeira de rodas.
Caso ele precise ir ao médico, ao dentista, ao curso de línguas ou outra atividade que se situe no primeiro ou segundo piso do comércio das entrequadras da Asa Norte, do comércio da W3 ou outros edifícios menores, isso não será possível. Essas construções são licenciadas sem elevadores. A própria aplicação da lei que dispõe sobre a contratação de, no mínimo de 10% de paraplégicos, para as funções que impliquem em estar sentados ficam impossibilitadas de cumprimento nestes edifícios.
Mas não são só os cadeirantes que ficam sem condições de acesso a muitos dos serviços e equipamentos da cidade. Há muitas outras debilidades que dificultam a mobilidade das pessoas. Idosos, pessoas que perderam membros do corpo, ou que sofrem de descontrole motor e ainda os portadores de nanismo, tem as mesmas dificuldades.
Os deficientes visuais têm pouca ou nenhuma ajuda dos equipamentos públicos para auxiliá-los no uso da cidade. Em uma das poucas e boas experiências havia um semáforo com indicação sonora para os pedestres no cruzamento da Avenida W3. O deficiente visual podia fazer a travessia com segurança. Com o tempo o aviso sonoro desapareceu. Pena! O que deveria ser estendido para toda a cidade foi perdido.
Ainda em relação aos semáforos, existem muitos relatos sobre a luta dos daltônicos para que todos os semáforos tivessem a mesma programação com o sinal vermelho em cima, o amarelo no meio e o verde em baixo. Assim, mesmo não distinguindo as cores eles podem saber qual é o sinal de parar e de avançar. Todavia, temos assistido inúmeras experiências com semáforos que não respeitam esta regra. Com isso, os daltônicos ficam ser saber como agir.
O INSS contratou recentemente uma empresa para adequar todas as suas agências às pessoas com necessidades especiais. Desconheço o resultado, mas creio que os concidadãos que vierem a utilizar tais agências terão sua auto-estima elevada ao perceberem que os demais se preocupam com eles. Neste sentido, o governo local bem que poderia dar um exemplo para o Brasil promovendo estudos de adequação plena dos espaços e equipamentos às pessoas que fogem ao padrão médio de ergonomia, de audição, de mobilidade e de visão. A implantação seria o passo seguinte. Os portadores de necessidades especiais agradeceriam.
sexta-feira, 6 de março de 2009
O Touring é do Conjunto Cultural da República, defende Xavier
Entre os comentários recebidos, merece publicação na íntegra a mensagem de Carlos Xavier, ex-diretor do IPHAN, sobre o artigo publicado nesta coluna: “O Touring é da Cultura, como Brasília é de Lucio Costa”. Entendo ser oportuno compartilhar suas observações que demonstram seu profundo conhecimento sobre o assunto:
“Prezado Eustáquio Ferreira,
Meu amigo Emerson Almeida Santos levou ao Faisão Dourado (que frequentamos aos sábados) o Jornal Alô Brasília exclusivamente por conta de sua coluna "O Touring é da Cultura como Brasília e de Lúcio Costa".
É que ele conhece o relatório que entreguei ao Ministro da Cultura no dia 2 de abril de 2008, como secretário executivo da Comissão Intergovernamental para o Conjunto Cultural da República (tudo que está entre a Rodoviária e a Praça dos Três Poderes), onde apresento proposta idêntica.
Essa comissão foi criada por decreto do GDF e é composta pelos Ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia (pelo Governo Federal) e pelas Secretarias de Educação e da Cultura do GDF com o objetivo de definir vocação e modelo de gestão do conjunto da Esplanada.
No relatório defendo a utilização cultural do Monumento nº 1 do Conjunto Cultural, esse prédio que ficou conhecido como 'Touring', exatamente para ser fiel ao plano de Lúcio Costa. O Teatro Dulcina e o conjunto Conic (onde estavam os cinemas) completam o setor cultural sul.
Esse prédio lembra a sede da Bienal de São Paulo (década de 50) e tem a mesma cobertura usada por Niemeyer para o PIC - Pampulha Iate Clube de Belo Horizonte (década de 40). Tem sua própria história.
Picccadilly ,
modelo antevisto por
Lucio Costa para a
plataforma da Rodoviaria
Não sabia da informação que você trouxe na coluna e não estou certo de que "União tenha vendido em leilão o imóvel", pois o terreno não pode ter destinação comercial alguma e o prédio era explorado pelo Touring como uma concessão de serviço público o que não inclui o terreno onde está construído o prédio. "Quem constrói no terreno alheio perde a propriedade para o dono do terreno" é um princípio do Direito que herdamos do Código Civil Romano, portanto não cabe nenhuma atividade privada, comercial ou de outro ente governamental que não seja a União Federal.
Chamado pelo Ministro José Aparecido (juntamente com Oscar e Burle Marx) Lúcio definiu o que deveria ser construído naquele espaço para completar o Conjunto Cultural (Sul e Norte). A Funarte deveria apresentar uma programação permanente lá, assim como é do governo federal a responsabilidade pelo Museu, Biblioteca e Teatro Nacional.
Ao GDF foi destinado o espaço que vai da Rodoviária à Rodoferroviária; o conjunto que vai da Rodoviária à Praça dos Três Poderes é o espaço mais solene do Plano de Lúcio Costa, a representação da República.
Qualquer intervenção diferente vai prejudicar irrecuperavelmente o Plano.
Seu comentário sobre Relatório do Plano Piloto demonstra, mais uma vez, como era equivocado a praça e monumento propostos recentemente por Oscar Niemeyer a pedido do GDF. A culpa é maior de quem encomendou o projeto e menor do arquiteto centenário.
Parabéns por seu artigo. Attº Carlos Xavier”
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
O Touring é da Cultura como Brasília é de Lucio Costa
Imagine a animação de Seu Chico com a proximidade da data de inauguração de Brasília. Admirador incondicional da obra do Presidente Juscelino ele iria à inauguração de Brasília em seu DKV Vemag (Das Kleine Wunder - "a pequena maravilha"), novinho em folha, fabricado no Brasil. Faria a viagem de Belo Horizonte a Brasília em apenas um dia pela nova estrada recém-inaugurada. Seu Chico estava tranqüilo, pois teria a proteção do Touring Club do Brasil que lhe garantiria assistência em todo o território Nacional. Dada sua importância o governo deu ao Touring, em 1963, um terreno na área central de Brasília. O prédio foi construído com projeto de Oscar Niemeyer e está situado em frente ao Setor de Diversões Sul com a mesma importância geográfica do Teatro Nacional, que está em frente ao Setor de Diversões Norte.
O Touring perdeu prestigio e em 2005 o prédio foi vendido em leilão pela União Federal para uma empresa. Estava deteriorado e invadido. O edificio foi recuperado em mutirão e o governo local se comprometeu a instalar ali atividades culturais. Infelizmente, após aquele evento, causaram impacto algumas reportagens em que foram mostradas cenas de prostituição infantil na Plataforma Superior da Rodoviária. O próprio presidente do Supremo Tribunal Federal manifestou publicamente sua indignação com o fato. O governo local respondeu com a criação do Núcleo de Ação Integrada sediando no espaço do antigo Touring vários órgão de segurança, em especial as policias civil e militar.
O governo dispõe de muitas áreas na Rodoviária. Alias, já mantém ali postos policiais que poderiam, uma vez redimensionados, responder ao problema de forma mais apropriada, pois colocaria os executores das políticas de repressão à prostituição junto à população que transita pela Rodoviária. No prédio do Touring, onde estão os policiais o serviço fica distanciado do problema.
A vocação do prédio do Touring é cultural e não administrativa, tal qual foi definido por Lucio Costa que afirma no Relatório do Plano Piloto, Item 10, cinco últimas linhas:
“Previram-se ... duas amplas praças privativas de pedestres, uma fronteira ao teatro da ópera e outra, simètricamente disposta, em frente a um pavilhão de pouca altura debruçado sôbre os jardins do setor cultural e destinado a restaurante, bar e casa de chá”.
Para atender o disposto por Lucio Costa, o espaço superior poderia conter serviço de orientação aos turistas, cafeteria, casa de chá e/ou restaurante. Poderia abrigar, ainda, as diversas organizações culturais que não tem sede. Ali elas teriam uma caixa postal, um arquivo próprio, uma sala para reuniões e debates, um escritório comum. Tudo isto em torno de uma sala de estar que propiciasse os encontros e bate-papos. Os amplos espaços inferiores, beneficiados pelo pé-direito duplo, poderiam abrigar salas de teatro de bom tamanho e salas de exposição. Há espaço para tanto. As antigas oficinas mecânicas, poderiam ser transformadas em oficinas de produção de artes e artesanato. Esse Touring, com certeza, deixaria orgulhoso Seu Chico, que via em Brasília uma cidade dos brasileiros e não apenas dos que aqui vivem.